terça-feira, 8 de abril de 2025
sexta-feira, 14 de março de 2025
ARTES & OFÍCIOS: Pau a pique
As primeiras casas construídas no Brasil foram de taipa, sistema de construção que usa o barro molhado. Isolante térmico e que não pega fogo com facilidade, a taipa é utilizada na construção desde a antiguidade no mundo. Não existe consenso entre os historiadores sobre a origem desse modo de construção no Brasil. Entende-se que possa ser resultado da simbiose de matrizes portuguesas, indígenas e africanas.
No Brasil, esse tipo de construção foi largamente utilizado desde o período colonial até praticamente o início do século 20, e neste último século, notadamente nas áreas rurais. O uso de paredes de pau-a-pique era muito comum por ser um estilo de construção feito com materiais encontrados na própria natureza. São muitas vezes associadas apenas às residências rurais já que a maioria da população vivia no campo.
Existem dois tipos de técnicas de taipa, a taipa de mão, igualmente denominada de pau-a-pique, a taipa de sopapo, a taipa de sebe e o barro armado. É indevidamente denominada de casa de estuque no noroeste fluminense, sendo incorreto, pois no estuque entra outra composição de materiais. Trata-se de uma técnica que consiste no entrelaçamento de madeira ou bambu ou pau roliço ou taquara, na vertical, fixados no solo. Cipós ou outro material amarram a trama.
O barro e a água são amassados com os pés ou com o pilão até se obter uma massa compacta que é misturada a fibras vegetais, a exemplo do capim ou da palha. Alguns acrescentavam sangue e estrume de gado. Os vãos são preenchidos com essa mistura. Em lados opostos, na parede interna e externa, ficavam duas pessoas e ambas atiravam o barro ao mesmo tempo contra a estrutura de madeira formando as paredes da casa.
Quando a massa socada atinge mais da metade da parede recebe, transversalmente, pequenos paus roliços envolvidos em folhas, geralmente de bananeiras, que produzem orifícios cilíndricos para o formato de novas paredes. Essa técnica é usada para formar tanto as paredes internas como as externas. Uma base de pedra é colocada sob a casa, nas extremidades, afastando-a do solo aproximadamente entre 50 a 60 centímetros para evitar a umidade do chão.
No passado, as pessoas passavam o dia inteiro no campo cuidando da lavoura desde as primeiras horas do dia. Quando retornavam às suas casas faziam uma refeição e iam logo em seguida repousar. Os corpos cansados da labuta no amanho da terra, a ausência de luz, o custo de acender os lampiões, tudo isso contribuía para que essas residências fossem apenas dormitórios.
O telhado é formado normalmente por palhas de sapê e as paredes não se estendem até o teto, possivelmente para facilitar a circulação do ar. A casa poderia receber acabamento alisado ou ainda caiação. O cal servia para evitar a proliferação de insetos. A construção de pau-a-pique quando mal executada pode se degradar em pouco tempo, apresentar rachaduras e fendas, se tornando alvo de roedores e insetos que se instalam nas aberturas. Por isso, esse tipo de residência é geralmente associado ao barbeiro, inseto transmissor da doença de chagas. Todavia, quando devidamente rebocada não há o perigo da instalação do barbeiro nas paredes.
Curiosamente, esse tipo de construção virou moda e muitas
pessoas atualmente optam por casas de pau-a-pique por serem ecologicamente
corretas. Não obstante serem providas de algum conforto revela uma memória
afetiva de como viveram os nossos antepassados.
Fonte Imagem: https://www.ecologs.com.br/duvidas-sobre-madeiras/pau-a-pique/
terça-feira, 18 de fevereiro de 2025
UMA IMAGEM, MIL PALAVRAS: Na Lavagem do Bonfim quem tem fé vai a pé
Fonte Imagem: https://nabahia.com.br/noticias/1203/na-lavagem-do-bonfim-quem-tem-fce-vai-a-pce-mas-antes-bate-aquele-prato-de-feijoada
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025
Inventário das festas na Baía de Todos os Santos
Festas religiosas, étnicas, de
passagem de ano; procissões marítimas; ciclos natalino, da Semana Santa e
junino; lavagens de igrejas, praças, escadarias, ruas, becos, apicuns,
“coroas”; presentes de Iemanjá; carnavais e micaretas; festivais culturais e
gastronômicos; Independência da Bahia; campeonatos e corridas de canoas e
“canoinhas”; marujadas e cheganças; cavalgadas; negro fugido; carurus de São
Cosme e São Damião; bumba-meu-boi e “burrinhas”; peditórios; fanfarras e
filarmônicas. Este livro-inventário apresenta a diversidade festiva nos
municípios do entorno da Baía de Todos os Santos. Dirigido não apenas ao
público acadêmico, mas a todos os amantes da fruição festiva, a obra contribui
para valorizar as incontáveis manifestações culturais que ocorrem na
“sincrética” região da Bahia.
Festas na Baía de Todos os Santos - visibilizando diversidades, territórios , sociabilidades
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025
Sincretismo religioso no Candomblé
Sincretismo Religioso no Candomblé: Uma Jornada de Resistência e Diversidade, O Candomblé, uma religião afro-brasileira, é mais do que uma prática espiritual; é um testemunho da resiliência dos povos africanos que, trazidos como escravos para o Brasil, forjaram uma conexão única entre suas tradições e as circunstâncias adversas do novo mundo.
ORIGENS E CULTO AOS ORIXÁS
O Candomblé cultua os Orixás,
deidades que personificam as forças da natureza e os ancestrais. Cada Orixá
possui uma identidade distintiva, correlacionada a uma cor, símbolo, dia da
semana, comida e, notavelmente, a um santo católico. Essa associação é um
exemplo vívido de sincretismo religioso, um fenômeno nascido da repressão e
intolerância enfrentadas pelos praticantes do Candomblé durante o período
colonial e pós-colonial no Brasil.
O SINCRETISMO RELIGIOSO NO CANDOMBLÉ: UM ATO DE RESISTÊNCIA
A imposição da conversão ao
catolicismo não apagou as crenças originais dos escravos africanos. Em segredo,
eles fundiram seus rituais com símbolos católicos, estabelecendo uma
correspondência entre os Orixás e os santos. Essa prática não era apenas uma
adaptação necessária; era um ato de resistência, permitindo que sua fé
persistisse sob a fachada de uma nova aparência religiosa.
INFLUÊNCIAS CULTURAIS E ÉTNICAS NA
FORMAÇÃO DO CANDOMBLÉ
A diversidade cultural e étnica
dos escravos africanos, oriundos de diferentes nações, como nagôs, jejes,
bantus, angolas e congos, desempenhou um papel vital no sincretismo do
Candomblé. Cada nação contribuiu com suas próprias divindades, rituais e tradições,
criando uma tapeçaria única que se adaptou ao contexto brasileiro. Além disso,
o Candomblé absorveu elementos de outras religiões, como espiritismo,
indigenismo e islamismo, ampliando ainda mais sua riqueza cultural.
PERSISTÊNCIA, PRESERVAÇÃO E CRIATIVIDADE
AFRO-BRASILEIRA
O sincretismo religioso no
Candomblé é uma narrativa de persistência e preservação da cultura
afro-brasileira. Apesar das adversidades históricas e sociais, os praticantes
conseguiram manter sua identidade e fé. O Candomblé, como resultado, não é
apenas uma religião; é um testemunho vivo da pluralidade, dinamismo e
criatividade que moldam a cultura afro-brasileira.
ORIXÁS SINCRETIZADOS UMA EXPRESSÃO VÍVIDA DE SINCRETISMO
Os Orixás, representantes das
forças naturais e dos ancestrais africanos, foram habilmente sincretizados com
os santos católicos. Essa fusão permitiu que os escravos praticassem sua
religião de forma camuflada, associando Orixás a santos católicos com atributos
semelhantes. Exemplos notáveis incluem:
Iemanjá, deusa dos mares,
associada a Nossa Senhora da Conceição.
Iansã, deusa dos raios, vinculada
a Santa Bárbara.
Xangô, deus do trovão,
sincretizado com São Jerônimo ou São João.
Oxóssi, deus da caça, ligado a São
Jorge ou São Sebastião.
Oxum, deusa do amor, associada a
Nossa Senhora das Candeias ou Nossa Senhora Aparecida.
Ogum, senhor da guerra, sincretizado com São Jorge Guerreiro.
Essas correspondências variam
conforme a região, a nação e a tradição do Candomblé, exemplificando a riqueza
da relação entre Orixás e santos.
SINCRETISMO RELIGIOSO NO BRASIL HOJE UMA CELEBRAÇÃO DE DIVERSIDADE
O sincretismo religioso transcende
o Candomblé, tornando-se uma realidade que reflete a diversidade cultural do
Brasil. Um país que recebeu povos de várias partes do mundo, essa nação
sul-americana é um mosaico de crenças e práticas religiosas. Além do Candomblé,
o sincretismo manifesta-se de diversas maneiras:
UMA HERANÇA DE RESILIÊNCIA E
DIVERSIDADE RELIGIOSA
O Candomblé e a Umbanda, religiões
afro-brasileiras que mesclam elementos de tradições africanas, catolicismo
romano e espiritismo.
A Festa do Divino Espírito Santo,
uma celebração católica que incorpora elementos das culturas indígena, africana
e portuguesa.
A música popular brasileira, expressando influências de diferentes religiões na cultura nacional, como samba, axé, pagode, rap e reggae.
CONCLUSÃO
O sincretismo religioso no
Candomblé é mais do que um fenômeno histórico; é uma herança viva de
resistência e resiliência cultural. A riqueza e complexidade do sincretismo
religioso no Brasil refletem a habilidade do povo brasileiro de integrar
diversas influências, construindo uma identidade religiosa única. Hoje, o
sincretismo é celebrado como uma manifestação da diversidade cultural,
enraizada na herança dos povos que contribuíram para a formação da nação
brasileira.
Texto extraído de: https://erinle.com.br/sincretismo-religioso-no-candomble/