quinta-feira, 7 de junho de 2018

O bombo e a caixa (Parte 2 - Final)

Encontro da cultura latino-americana e brasileira

A Caixa (Tambor Pequeno)


  Não é apenas um instrumento de percussão classificado pela família dos membrafones, som produzido pela vibração da membrana (pele). Ele é consagrado por uma força que perpassa diversas culturas e chega a perder-se no imemorial. Associados aos ritmos do corpo e da natureza, os tambores foram meio de comunicação entre os homens e entre estes e seus deuses. Através dos tempos foram ganhando diversas formas, tamanhos e timbres. Às vezes tocados com as mãos livres, outras com o auxílio de baquetas. Por todos os lados do planeta, múltiplos são os seus sons. Segundo o “Dicionário de Símbolos”, de Jean Chevalier, sua simbologia é de importância sagrada no mundo inteiro. Aqui, em nosso país, os tambores são tão distintos e divinos quanto os povos que formaram a nossa nação; temos aqueles de origem indígena, os de origem africana, os de origem portuguesa e, junto destes, suas influências egípcias, gregas, romanas, árabes... Assim chegou, popularizou-se e criou identidades distintas, ou seja, em cada canto do Brasil seu toque é variado conforme as influências.
  
"Praticamente, toda a família de tambores foi para a Europa Ocidental através de contato Árabe, ou foi popularizada por esse meio. Por exemplo, o pequeno tambor (naker, timbale) que era chamado le tambour de Perses. O naker (originalmente naqqara) ou o pequeno tambor é um instrumento timpânico com um corpo duplo hemisférico tocado com baquetas de madeira..." (SALMAN, 1997, [s.p.]).

Esse tipo de tambor também é conhecido como “tambor provençal” por ser de grande uso na região da Provença em música popular e danças, após a Idade Média difundiu-se pela Europa (FRUNGILLO, 2002). Em Portugal, é considerado um instrumento popular e tradicional tocado junto a uma flauta por uma mesma pessoa, conhecido pelo nome de “Tamboril”. É tocado principalmente em festas religiosas, peditórios, procissões, padroeiros, presépios de Natal em caráter cerimonial e até litúrgico, e também em funções profanas e lúdicas.
  

A Caixa de Folia


 Caixas de folia são tambores de duas peles usadas em congados, reisados e moçambiques. Também chamadas "caixas de guerra" ou "caixas do Divino", são parentes próximas das alfaias de maracatu.
As peles, ou "couros" são esticadas por um conjunto de aros de metal, madeira e cordas. Cada caixa pode apresentar afinadores laterais - aros de couro, que podem ser deslizados para cima (deixando o som mais agudo) e para baixo (deixando o som mais grave).


 Esse tambor chegou ao Brasil através dos imigrantes das Ilhas dos Açores de Portugal com os “foliões” da Festa do Divino e pelas bandas militares. No Maranhão é feminino, conhecido como Caixas do Divino por serem mulheres as responsáveis por conduzirem todo o ritual da Festa do Divino tocando e cantando com esse tambor, elas são chamadas de Caixeiras do Divino na sua maioria mais de 50 anos e negras. Para cada ritual da festa como: Alvorada, cortejo, visitas das tribunas, levantamento de mastro, refeições, fechamento de tribuna, derrubada de mastro entre outros tem seus cantos e toques específicos.



Em outras manifestações populares sagradas no Brasil como a Congada, Moçambique entre outros é conhecido como caixa e na Folia de Reis como caixa de folia. Apenas no Maranhão esse tambor pequeno é conhecido por Caixa do Divino. 


2 Texto extraído da Monografia do curso de Pós-graduação em Capacitação Docente em Música Popular Brasileira- Universidade Anhembi-Morumbi –SP de Maria Cristina Bueno “Caixeiras do Divino” do Maranhão e as “Caixeiras da Guia” de Campinas uma experiência com a tradição popular (2008).




Fonte:
www.attambur.com/recolhas/tocadores
http://caixeirasdasnascentes.blogspot.com/p/caixa-do-divino.html
https://www.onjoangoma.com/caixa-de-folia-

Fonte Imagem:
http://caixeirasdasnascentes.blogspot.com/p/caixa-do-divino.html
https://pluralesingulares.wordpress.com/tag/folia-de-reis/
http://universopopular.blogspot.com/2006/08/alfaias-e-caixas-do-divino-caixa-de.html

O bombo e a caixa (Parte 1)

Encontro da cultura latino-americana e brasileira


Bombo leguero

Bombo leguero é um instrumento de percussão do tipo membranofone, originário da Argentina. Seu nome, leguero, vem do fato de que este instrumento pode ser ouvido até duas léguas de distância (ou aproximadamente 5 quilômetros).

É produzido a partir de um tronco de árvore oco (geralmente corticeira), revestido com pele curtida de animais, como cabras, vacas ou ovelhas. Derivado do velho tambor militar europeu, possui um arranjo de anéis de couro nas extremidades para a fixação da pele esticada.

Faz parte da música folclórica da Argentina (zamba, chacarera, etc.) e foi popularizado por músicos como Los Fronterizos, Carlos Rivero, Soledad Pastorutti e Mercedes Sosa.

Com a proximidade cultural de Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul, o bombo leguero foi adotado pela música nativa gaúcha e até os dias de hoje segue sendo um instrumento tradicional do estado.

Entre os músicos brasileiros que mais se destacam no uso do instrumento estão: Ernesto Fagundes e Kiko Freitas.




Documentário "Origens"

“Origens” é um curta com música, viagem e tradição. Ernesto Fagundes percorre o pampa e resgata uma história que começou na década de 1950 com seu tio Antônio Augusto “Nico” Fagundes. Nico esteve na Argentina e de lá trouxe dois bombos legueros ao Rio Grande do Sul.

- Os primeiros grandes tocadores de bombo leguero entre nós foram Glênio Fagundes e Bebeto Klotz. Lá por 1978 – diz Nico Fagundes – eu passava pelo Alegrete, e um sobrinho meu, guri ainda, se apaixonou pelo bombo que eu havia trazido. Ganhou o instrumento de presente e se tornou um virtuoso.

Ernesto Fagundes, desde os 10 anos, é íntimo do bombo leguero. Começou no Alegrete, apresentando-se em CTGs. Ainda adolescente estava em Porto Alegre, acompanhando pai, irmãos, primos e tios na divulgação da cultura gaúcha. Percorreu o Rio Grande do Sul, visitou boa parte dos CTGs brasileiros e também a América Latina, Caribe e Europa.
– Tocar bombo leguero – diz Ernesto – é a função do andarilho, anunciando quem chega e desbravando novos caminhos.


          
“Origens” foi rodado na Argentina, em Buenos Aires e Santiago del Estero, norte argentino; e depois no Brasil, em Porto Alegre (RS), com a participação dos integrantes da família Fagundes. No curta, eles relembram como surgiu a música “Origens”, tema de abertura do programa Galpão Crioulo/RBS TV. 



Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bombo_leguero
http://wp.clicrbs.com.br/rbstvbage/2011/12/01/na-estreia-de-curtas-gauchos-%E2%80%93-exibicao-especial-ernesto-fagundes-e-o-bombo-leguero/?topo=77,,&status=encerrado

Fonte Imagem:
https://www.youtube.com/watch?v=jo6E56_eBbE
http://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/2016/09/cadernos/panorama/522738-viagem-musical.html
http://wp.clicrbs.com.br/rbstvbage/2011/12/01/na-estreia-de-curtas-gauchos-%E2%80%93-exibicao-especial-ernesto-fagundes-e-o-bombo-leguero/?topo=77,,&status=encerrado

Entre mates e guitarras - Nativismo e Tradicionalismo na cultura gaúcha



Quem quiser demonstrar a cultura gaúcha visualmente vai ter um retângulo cujas pontas ostentam cores diferentes com um dégradé em direção ao centro. No ponto mais equidistante das extremidades vai existir um matiz difícil de identificar a que lado pertence. Assim é a cultura do Rio Grande do Sul, composta por dois movimentos distintos, mas iguais. Há o tradicionalista que não compreende ou não gosta do nativismo e o nativista que não entende ou não aprecia os rituais do tradicionalismo. Porém há aqueles que, como no matiz central do quadro imaginário proposto, ora são interpretados como tradicionalistas, ora como nativistas. Transitam nos dois campos culturais com a mesma notoriedade e legitimidade. Luiz Carlos Barbosa Lessa, recentemente falecido, considerado o maior teórico do tradicionalismo, registra em seu livro Nativismo, que a cada trinta anos surge um novo "ismo". Menciona o gauchismo de Cezimbra Jacques em 1889, regionalismo por volta de 1920, o tradicionalismo em 1947 e o nativismo a partir da década de 70. Complementa o folclorista: em 2000 deve se cuidar para não haver o "barulhismo". Seu temor tem uma certa ponta de razão, mas ele não prevê o possível momento do centrismo na cultura gaúcha. 

Definir o tradicionalismo e o nativismo parece ser tarefa simples quando se lê as palavras num dicionário, contudo decifrar os movimentos representados por estes dois "ismos" é mais complexo. Saber quem são e o que pensam as pessoas que formam estes dois grupos que se complementam e às vezes se confundem requer uma análise mais profunda do que uma simples frase, muitas vezes preconceituosa. Entender o que pensam os membros destes dois grupos de indumentárias distintas e outras vezes tão semelhantes, é complexo. Decifrar estas duas tribos com guerreiros aquartelados nos Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) ou nos ginásios de esporte que viram cenários para os festivais, não é fácil. Conhecer as lideranças dos que ostentam cargos adquiridos através de eleições e dos que conquistam posições por meio de suas prestigiosas manifestações artísticas, é fundamental. É necessário recorrer à sociologia e à antropologia para tentar desvendar o mistério de uma divisão quase oculta e ao mesmo tempo tão declarada. 

O tradicionalismo gaúcho é um movimento organizado com uma estrutura hierárquica rígida e um mapeamento do Estado. É quase como um governo paralelo especificamente para o gerenciamento da tradição, mas não exclusivamente. Há uma questão humana intrínseca. Possui um presidente na capital, trinta coordenadores nas chamadas Regiões Tradicionalistas (RTs) e os patrões nos Centros de Tradições Gaúchas. Há cidades que possuem ainda uma associação das entidades, cujo presidente tem sua posição hierárquica estabelecida entre o patrão e o coordenador. Como primeiras-damas culturais existem as primeiras prendas em três modalidades e três níveis. As modalidades são mirim, juvenil e adulta e os níveis são as prendas das entidades, das regiões e do Estado. Um cargo surgido mais recentemente é o de Peão Farroupilha, nos mesmos níveis das prendas e nas modalidades de piá e adulto. Todos são uma espécie de relações públicas do tradicionalismo e conquistam seus cargos num verdadeiro vestibular cultural. Ao contrário do nativismo, há uma rigidez quase militar no tradicionalismo no que tange a indumentária. Chega em alguns casos no limite de que a imagem vale mais do que o conteúdo. 

O nativismo gaúcho não é uma entidade e sim um movimento cultural cuja união está na identificação pessoal e na semelhança de produção artística de seus membros. Os líderes são os artistas e os organizadores de festivais, mas não há uma hierarquia estabelecida entre eles. Ambos possuem associações independentes na expectativa de uma organização maior, porém não se pode comparar com as diretorias e patronagens do tradicionalismo. Os guerreiros desta tribo são os admiradores da música nativa, da poesia gaúcha e da pajada rio-grandense. Seguem seus ídolos, mas não lhes dão exclusividade. Aplaudem e consomem o produto cultural dos que mais se identificam. Vão aos festivais com o mesmo entusiasmo com que frequentam os CTGs. Há migrantes entre os grupos, contudo pode-se afirmar independente de qualquer pesquisa de que o tradicionalismo municia o nativismo com maior contingente de pessoas do que o contrário.

Se há diferença organizacional entre eles, há semelhança sentimental. Ambos sustentam seus discursos ideológicos no amor à Terra. Tradicionalismo e nativismo cantam as belezas da querência, envergam indumentária típica, demonstram, cada um à sua moda, amor pelo Rio Grande do Sul e são sustentados pelo concurso. Embora nesta demonstração de apego ao pago, o tradicionalismo dance mais do que cante e o nativismo quase que exclusivamente cante, este ano o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) cria um festival de música que abrange todas as RTs, o que significa uma mobilização estadual. 

Pela visão antropológica, ambos os segmentos são agregadores da família e do grupo local. Possuem a linguagem dos signos herdada de ancestrais. Falam do seu mundo com a dimensão de seu conhecimento. São responsáveis pelo crescimento da auto-estima do povo rio-grandense e grandes propulsores da economia estadual. Enquanto o tradicionalismo estuda o folclore e a tradição, o nativismo está mais voltado para a manifestação folclórica. O primeiro define o corpus de sua atuação dentro do que estabelece como tradicional e folclórico e o segundo busca universalizar estes dados com enfoque poético-musical mais abrangente e inovador. 

As pontas de cores distintas do quadro imaginário que define a cultura gaúcha se debatem nesta questão. Os mais entusiastas do tradicionalismo julgam que o nativismo está deturpando a cultura gaúcha e os vanguardistas do nativismo acusam os tradicionalistas de serem responsáveis pelo saudosismo cultural. Já os que são representados pelo matiz dégradé, visualizam o somatório do poder cultural que os dois movimentos proporcionam para o engrandecimento espiritual dos habitantes do Estado. Juntos, eles mobilizam mais de um milhão de pessoas. Isto só no Rio Grande do Sul, haja vista que a cultura gaúcha está presente em todos os estados brasileiros e fora do território nacional com grande representatividade. 

Barbosa Lessa, ao fundamentar o tradicionalismo afirma que "... as duas unidades sociais mais importantes como transmissoras de cultura são a família e o grupo local". Nos grandes centros populacionais urbanos os CTGs são os locais da fuga do individualismo das metrópoles. As pessoas buscam reencontrar o sentimento de grupo local, com os mesmos objetivos e atividades. 

A cultura gaúcha como um todo é provedora deste encontro familiar. A freqüência nos CTGs, rodeios e festivais normalmente é de três gerações. Estando os grupos de diferentes idades voltados ao mesmo objetivo, a herança cultural é legada com maior facilidade entre eles e o fortalecimento do regionalismo é mais pulsante. Encontrada no seio da cultura gaúcha, a família rio-grandense posiciona-se na defesa de seus mais íntimos anseios. Os pais acompanham o crescimento etário e cultural de seus filhos e os apóiam nos momentos de dificuldade como amigos da mesma entidade social, sem deixarem de ser exemplos e ídolos. Tanto que o rodeio crioulo, uma das atividades recreativas do tradicionalismo, institui o concurso de laço "pai e filho", incentivando a integração familiar. Da mesma forma acontece no nativismo quando um jovem sobe ao palco para defender sua música num determinado festival, toda a família oferece apoio à sua atuação. 

A sociabilidade familiar, um dos maiores problemas da comunidade mundial na atualidade, tem na cultura gaúcha um ponto de apoio importante. Seus exemplos estão presentes desde os CTGs dos mais remotos rincões até os da capital gaúcha. 

As lideranças de ambos os movimentos também mobilizam as famílias na questão organizacional. É comum encontrar casais participativos nos CTGs ou na organização de festivais de música ou poesia. Quando no grande grupo, em congressos do Movimento Tradicionalista Gaúcho ou nas reuniões da Associação das Comissões Organizadoras de Festivais de Música do Rio Grande do Sul, é uma grande família. Barbosa Lessa faz uma afirmação sociológica para o evento: "qualquer sociedade poderá evitar a dissolução enquanto for capaz de manter a integridade de seu núcleo cultural." Nestes encontros há o congraçamento de pessoas de todas as facções partidárias, todas as classes sociais, credos e cores. A cultura é o objetivo comum para o qual todos convergem suas dedicações. 

Embora isso aconteça na comunidade local, os comandos políticos, distantes do fato cultural, teorizam equivocadamente sobre a cultura gaúcha. Os da extrema direita e da extrema esquerda julgam que a estrutura das estâncias na cultura gaúcha, patrões e peões, seja ideologicamente a favor da primeira e contra a segunda. Ambos estão enganados, por que ela está acima disso. É uma característica atribuída ao meio de vida do rio-grandense. "O gaúcho é socialmente um produto do Pampa, como politicamente é um produto da guerra", afirma o pensador fluminense Oliveira Vianna em seu livro Populações Meridionais do Brasil. 

Nos festivais há uma comemoração da arte criada em relação aos temas, mais do que uma vinculação política que ela possa expressar, e normalmente as letras de música estão recheadas de defesa das questões humanas. O antropólogo rio-grandense Ruben Gorge Oliven registra em seu livro A Parte e o Todo - A Diversidade Cultural do Brasil-Nação-, algo comprobatório deste amor à arte acima de tudo. "... o que me chama atenção é o fato de o público aplaudir indistintamente músicas a favor ou contra a figura tradicional do gaúcho." E complementa: "Mas o público parece vibrar com todas; acho que, na realidade, as pessoas vibram com a celebração da identidade gaúcha."




Fonte:
http://www.mtg.org.br/public/libs/kcfinder/upload/files/EDITORIAIS/Tradicionalismo%20ou%20Nativismo.pdf

quinta-feira, 31 de maio de 2018

O imaginário dos folguedos, a tradição que educa. Cavalo Marinho de Condado – PE


Parabéns ao blog Além do Mar pela sua bela matéria que agora compartilho.

O Cavalo Marinho é um folguedo cênico pernambucano que envolve música, poesia, dança e objetos cênicos a partir do imaginário popular da região rural. Com intima ligação ao cotidiano do trabalhador canavieiro ao universo histórico representados no senhor de engenho e no escravo, adaptados as influências do cotidiano sócio  cultural da atualidade e que se desenvolve de forma dinâmica, envolvente e lúdica. Com apelo cômico e simbolismos religiosos, cenas intercaladas em diversas etapas de danças como: São Gonçalo, Coco e mergulhão, durante horas a fio. Assim a brincadeira avança pela madrugada até o amanhecer.

O folguedo conta com uma estrutura tradicional com um banco de samba, os personagens (figuras), o mestre e os galantes com seus arcos e fitas coloridas.







As figuras do Cavalo Marinho se dividem em três classificações, as figuras fantásticas, as figuras humanas e as figuras animais. As fantásticas surgem do imaginário popular, como, o Babau, o caboclo de Arubá, a morte, o cão, figuras que não existem, em seguida vem as figuras animais, o boi, cavalo, ema, onça, macaco. Nas figuras humanas há personagens  como o varredor de rua, o vaqueiro, Mané do baile, Pisa Pilão, verdureiro, bicheiro, Mané do motor, inspirado no mecânico dos motores do engenho do capitão Marinho. O doutor, que na morte do boi ressuscita ele, o empata Samba, Mané do baile, os bodes, que são dois bêbados que atrapalham os galantes quando estão falando as loas, Mané pequenino, Caipora, Pataqueiro, o soldado. O Ambrósio, Mateus, Bastião e Catirina compõe as figuras fixas, presentes em toda a apresentação que pode chegar a 76 personagens.

Toda sambada é diferente, o folguedo trás várias particularidades, que vão desde sua duração que pode chegar a 12 horas sem interrupção em uma única apresentação, e também por ser diferente de outro folguedos, seus brincantes também se apresentam em outras agremiações fazendo das apresentações uma grande troca de experiências e proporcionando o constante movimento de influências de uma agremiação a outra.


O homem por trás da mascara



 Ricardo Rocha conhecido como Maior, tem tatuados em suas pernas de um lado o cavalo marinho e de outro o maracatu de baque virado, brincante no Maracatu Estrela Brilhante a vinte anos, a oito anos no Cavalo Marinho, a cinco faz o personagem de Ambrósio no Cavalo Marinho Boi Brasileiro.
Uma vez no terreiro com um bocado de crianças, o mestre Biu Roque o chamou e disse: “A partir de hoje seu nome no Cavalo Marinha será “Maior”. Perguntado o porquê, o mestre disse que o nome dado foi por ele ser a maior criança que estava ali.

Ricardo mora em Sítio Novo a 84 km de Condado na Mata Norte de Pernambuco e diz que tantas as vezes que for chamado por mestre Luis (que após o falecimento de mestre Biu Roque assumiu o folguedo), ele virá atender para brincar  o cavalo marinho, “Só a satisfação de brincar e ser bem recebido é tudo para mim.” Além de ser uma promessa que ele fez a Mestre Biu Roque que era mestre de Cavalo Marinho, brincante de Ciranda, brincante de Coco, tocador de maracatu, brincante de babau, tocador de forró, onde certa vez pediu para não deixar morrer o Cavalo Marinho.“Cavalo marinho  é o alimento da minha alma”. Se depender dele e de muitos que lá estão, o cavalo marinho nunca irá se acabar.

“Falar de Biu Roque é a mesma coisa de falar de um avô pai de um irmão, um primo e de um filho, ele ensinou a respeitar as pessoas independente de onde estiver, para que as pessoas o respeite.”
Biu Roque e Luís deram o desfio a Ricardo de deixar de ser um dos galantes “para botar figura”. Ele diz se sentir respeitado, “fogoso”, importante, as atividades são muitas, puxar arco, botar figura, tocar no banco, bater pandeiro, rapar o bajo, balançar o mineiro, são algumas. A cultura popular é uma coisa que as sociedades tem que aprender.

Mestre Walter Ferreira de França é outro mestre  na vida de Ricardo, responsável por ensinar a tocar pandeiro, tocar maracatu, gostar de ciranda, gostar de caboclinho, bater zabumba de forró, cantar toada.

Apesar não ter aprendido a fazer versos improvisados, lembra de um decorado:
“meu pai muito avechado com minha mãe se casou, na ilusão do amor, terminei sendo gerado. Fiquei num canto apertado, sem ter calor nem frieza, sem praticar malvadeza, crime, vingança ou pecado, passei noves meses trancado, na prisão da natureza”.  

Uma das primeiras toadas feitas por barachinha para o maracatu.

O mestre José Mario guia seus galantes que dão o movimento e ritmo cheios de cores e evoluções com seus arcos em referência a temática religiosa do folguedo.
  





Em resumo, é preciso viver a apresentação de um cavalo marinho, resistir a travessia da madrugada e absorver toda a riqueza cultural preservada pelos mestres e compartilhada com jovens.




Fonte:
https://alemdomar.wordpress.com/tag/folguedos/


O povo conta... (Parte 3 - Final)



ORIGEM MISTA OU ORIGINAIS NO BRASIL

Boto

Acredita-se que a lenda do boto tenha surgido na região amazônica. Ele é representado por um homem jovem, bonito e charmoso que encanta mulheres em bailes e festas.

Após a conquista, leva as jovens para a beira de um rio e as engravida. Antes de a madrugada chegar, ele mergulha nas águas do rio para transformar-se em um boto.

Esta lenda pode ser uma versão sobrevivente do Ipupiara[9] original, que depois se transformou na Iara.


Capelobo

É um monstro com corpo de homem, focinho de anta ou de tamanduá e pés de girafa, que perambula durante as noites, em busca de algum alimento, lá pelas bandas do rio Xingu.

Adora comer as cabeças de cães e gatos recém-nascidos. Também adora beber o sangue de gente e de outros animais, rasgando-lhes a carótida.

Só pode ser morto com um tiro na região do umbigo. É uma espécie de lobisomem indígena.[5]


Iara

Relatada no Brasil desde o século XVI, a lenda da Iara é parte da mitologia universal, sendo uma variante da figura da seria.[10]

No princípio, a Iara se chamava Ipupiara, um homem-peixe que levava pescadores para o fundo do rio, onde os devorava. No século XVIII ocorreu a mudança, e o Ipupiara se tornou a sedutora sereia 

Uiara ou Iara, que enfeitiça os pescadores com sua beleza e canto e os leva para o fundo das águas. Por vezes ela assume a forma humana completa e sai em busca de suas vítimas.


Negrinho do Pastoreio

Lenda afro-cristã de um menino escravo que é espancado pelo dono e largado nu, sangrando, em um formigueiro, por ter perdido um cavalo baio.

No dia seguinte, quando foi ver o estado de sua vítima, o estancieiro tomou um susto. O menino estava lá, mas de pé, com a pele lisa, sem nenhuma marca das chicotadas, nem fora comido pelas formigas. Ao lado dele, Nossa Senhora, e mais adiante o baio e os outros cavalos.

O estancieiro se jogou no chão pedindo perdão, mas o negrinho nada respondeu. Apenas beijou a mão da Santa, montou no baio e partiu com a tropilha.

Depois disso, tropeiros, mascates e carreteiros da região, todos davam notícia de ter visto passar uma tropilha de tordilhos, tocada por um negrinho montado em um cavalo baio. Então, muitos passaram a acender velas e rezar um Pai Nosso pela alma do supliciado.

Daí por diante, quando qualquer cristão perdia uma coisa, o que fosse, pedia-la ao Negrinho, que a campeava e achava, mas só entregava a quem acendesse uma vela, que ele levava para o altar de sua madrinha, a Virgem que o livrara do cativeiro.[11]


Pisadeira

Popular no interior de Minas Gerais e São Paulo, relata uma mulher com aparência assustadora, alta, magra, com dedos e unhas compridas, olhos vermelhos e arregalados, nariz comprido para baixo e queixo grande. Possui algumas vezes cabelos brancos desgranhados.

De acordo com a lenda, a Pisadeira fica em telhados das casas observando a movimentação. Após o jantar, quando alguém vai dormir de barriga cheia, ela sai de seu esconderijo e pisa no peito da pessoa, e a paralisa. A vítima fica consciente e desesperada.[12]


REFERÊNCIAS

1 a b c d e Lendas brasileiras. Brasil Escola
Espinheira, Ariosto. Viagem Através do Brasil, Volume 1, 6a. Edição, Edições Melhoramentos.
Mesquita, Paulo Aníbal G.Mapinguari - Fato ou Mito?. IN Revista Sexto Sentido. 2010-05-06 16:05
4 Cientistas tentam encontrar "monstro da Amazônia". Terra notícias, 07 de julho de 2007- 18h13
5 a b Pericão, Alexandra. Uaná, um curumim entre muitas lendas. São Paulo: Editora do Brasil; 2011; 1ª ed.
6 Lobisomem. Brasil Folclore, 2001
7 Pericão, Alexandra = Uaná, um curumim entre muitas lendas - Editora do Brasil, 2011
8 Folclore Brasileiro - O Bicho papão e a Cuca. Radar da Net, 2011
9 O Boto que vira um rapaz bonito ou Ipupiara. Brasil Folclore, 2011
10 Brandao, Toni (1998). A Iara. [S.l.]: Studio Nobel. p. 16. ISBN 8585445688
11 Lopes Neto, João Simões. O Negrinho do Pastoreio. Disponível em Wikisources
12 Sua Pesquisa. "Lenda da Pisadeira". Consultado em 28 de março de 2015.




Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lendas_do_folclore_brasileiro

O povo conta... (Parte 2)



ORIGEM EUROPEIA

Corpo-seco

Um homem muito cruel, que surrava a própria mãe. Ao morrer, foi rejeitado por Deus e o Diabo. Não foi enterrado, porque a própria terra, enojada, vomitou seu corpo.

Assim, perambula por aí, com o corpo todo podre, ainda cheio de ódio no coração, fazendo mal a todos os que cruzam o seu caminho.

Há relatos desta lenda nos estados de São Paulo, Paraná, Amazonas, Minas Gerais e na região Centro-Oeste.[5]

Lobisomem

Lenda que aparece em várias regiões do mundo, falando da desgraça de um homem que tem sua natureza humana fundida com a de um lobo periodicamente, sob influência da Lua cheia. Nesta condição ele é uma criatura feroz que ataca pessoas.

Ele pode ser o resultado de um pacto de alguém com as forças do mal, ou nasceu na condição de sétimo filho homem de seus pais.[6]


Mula sem cabeça

Lenda hispânico-portuguesa, cuja versão mais corrente é a de uma mulher, virgem ou não, que dormiu com um padre, pelo que sofre a maldição de se transformar nesse monstro em cada passagem de quinta para sexta-feira, numa encruzilhada.

Outra versão fala que se nascesse uma criança desse amor proibido, e fosse menina, viraria uma mula sem cabeça; se menino, seria um lobisomem.

A Mula percorre sete povoados naquela noite de transformação, e se encontrar alguém chupa seus olhos, unhas e dedos.

Apesar do nome, a Mula sem cabeça, de acordo com quem já a "viu", aparece como um animal completo, que lança fogo pelas narinas e boca, onde tem freios de ferro. Às vezes, vista de longe, parece chorar um choro humano e pungente.

Se alguém lhe tirar os freios o encanto se quebra; também basta que se lhe inflija qualquer ferimento, desde que verta pelo menos uma gota sangue.[1]


Vitória-régia

Lenda de origem tupi-guarani, contando que, no começo do mundo, toda vez que a Lua se escondia no horizonte ia folgar com suas virgens prediletas. Se a Lua gostava de uma jovem, a transformava em estrela. Naiá, filha de um chefe e princesa da tribo, ficou impressionada com a história. Quando todos dormiam e a Lua andava pelo céu, Naiá subia as colinas e perseguia a Lua na esperança que esta a visse e a transformasse em estrela. Fez isso por longo tempo, e chorava porque a Lua não a notava. Certa noite, em prantos à beira de um lago, Naiá viu refletida nas águas a imagem da Lua. 

Pensado que ela, enfim viera buscá-la, Naiá atirou-se nas águas e nunca mais foi vista. Compadecida, a Lua resolveu transformá-la em uma estrela diferente, a "Estrela das Águas", a planta vitória-régia, cujas flores brancas e perfumadas só abrem à noite, e ao nascer do sol ficam rosadas.[1][7]


Saci Pererê

Provável importação portuguesa, relatado primeiramente na Região Sudeste, no século XIX. O Saci Pererê é um menino negro de uma perna só, e, conforme a região, é um ser maligno, benfazejo ou simplesmente brincalhão.

Está sempre com seu cachimbo, e com um gorro vermelho que lhe dá poderes mágicos. Vive aprontando travessuras e se diverte muito com isso. Adora espantar cavalos, queimar comida e acordar pessoas com gargalhadas.

A lenda também diz que o Saci se manifesta como um redemoinho de vento e folhas secas, e pode ser capturado se lançarmos uma peneira ou um rosário sobre o redemoinho.

Se alguém tomar-lhe a carapuça, tem um desejo atendido. Se alguém for perseguido por ele, deve jogar cordões enozados em seu caminho, pois ele vai parar para desatar os nós, permitindo que a pessoa fuja. Às vezes se diz que ele tem as mãos furadas na palma, e que sua maior diversão é jogar uma brasa para o alto para que esta atravesse os furos.

Há uma versão que diz que o Caipora é seu pai.

Os tupinambás tinham uma história afim, uma ave chamada Matita-perera, que com o tempo, passou a se chamar Saci-pererê, deixando de ser ave para se tornar um caboclinho preto e perneta, que aparecia aos viajantes perdidos nas matas.[1]


Cuca

Diz a lenda que era uma velha feia com forma de jacaré, que rouba as crianças desobedientes.

A figura da Cuca tem afinidades funcionais com a do Bicho-papão[8] e o Velho do saco, seres medonhos a quem alguns pais ameaçam entregar as crianças rebeldes.




Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Lendas_do_folclore_brasileiro
Fonte Imagem: https://www.geledes.org.br/10-curiosidades-sobre-o-saci-perere-que-voce-provavelmente-nao-sabia/

O povo conta... (Parte 1)


Os mitos brasileiros possuem origem na mitologia dos índios nativos, em conjunto com os mitos trazidos da Europa pelos portugueses e da África pelos negros.

A mescla de diferentes culturas permitiram produzir mitos únicos, mas também é possível observar diversos elementos comuns com mitos de outros povos.

No início do século XIX, as artes brasileiras estão passando pelo Romantismo e muitas das lendas brasileiras passam a ser representadas em poemas, livros e pinturas devido ao movimento nacionalista ocorrido neste período e é neste momento que o autor Monteiro Lobato publica sua obra infantil, a coleção do Sítio do Pica-pau Amarelo, na qual são apresentadas algumas das lendas brasileiras.

ORIGEM INDÍGENA

Boitatá

Foram encontrados relatos do Boitatá em cartas do padre jesuíta José de Anchieta, em 1560, como uma lenda indígena que descreve uma cobra de fogo de olhos enormes ou flamejantes.

Para os índios ele é "Mbaê-Tata", ou Coisa de Fogo, e mora no fundo dos rios. A narrativa varia muito de região para região. Único sobrevivente de um grande dilúvio que cobriu a terra, o Boitatá escapou entrando num buraco e lá ficando, no escuro, motivo pelo qual seus olhos cresceram.

Outros dizem que é a alma de um malvado, que vai incendiando o mato à medida que passa. Por outro lado, em certos locais ele protege a floresta dos incêndios. Algumas vezes persegue os viajantes noturnos, ou é visto como um facho cintilante de fogo correndo de um lado para outro da mata. Tem vários outros nomes: Cumadre Fulôzinha, Baitatá, Batatá, Bitatá, Batatão e Biatatá.

O Boitatá pode ser uma explicação mágica para o fogo-fátuo.[1] A versão que predominou foi a do Rio Grande do Sul. Nessa Região, reza a Lenda que houve um período de noite sem fim nas Matas. 

Além da escuridão, houve uma enorme enchente causada por chuvas torrenciais. Assustados, os animais correram para um ponto mais elevado a fim de se protegerem. A Boiguaçu, uma Cobra que vivia numa gruta escura, acorda com a inundação e, faminta, decide sair em busca de alimento, com a vantagem de ser o único bicho acostumado a enxergar na escuridão. Decide comer a parte que mais lhe apetecia, os olhos dos animais e de tanto comê-los vai ficando toda luminosa, cheia de luz de todos esses olhos. O seu corpo transforma-se em ajuntadas pupilas rutilantes, bola de chamas, clarão vivo, Boitatá, Cobra de fogo. Ao mesmo tempo a alimentação farta deixa a Boiguaçu muito fraca. Ela morre e reaparece nas Matas serpenteando luminosa. Quem encontra esse ser fantástico nas campinas pode ficar cego, morrer e até enlouquecer. Assim, para evitar o desastre os Homens acreditam que têm que ficar parados, sem respirar e de olhos bem fechados. A tentativa de escapar da Cobra apresenta riscos porque o ente pode imaginar que a fuga é de alguém que ateou fogo nas Matas. No Rio Grande do Sul, acredita-se que o "Boitatá" é o protetor das Matas e das campinas. A verdade é que a ideia de uma cobra luminosa, protetora de campinas e dos campos aparece frequentemente na Literatura, sobretudo nas narrativas do Rio Grande do Sul.


Cobra-grande ou Boiuna

A boiuna, ou cobra-grande, é um mito amazônico de origem ameríndia.

Serpente lendária da Região Norte, que mora entre as rochas dos rios e lagoas, de onde sai para afundar barcos. Quando ela sai das rochas, troveja, lança raios e faz chover. Também pode imitar as formas das embarcações, atraindo náufragos para o fundo do rio.

Se a chuva é muito forte e ameaçadora de novo dilúvio, toma a forma de arco-íris e serena as águas.
Ainda segundo a lenda, a lua é a cabeça da serpente, as estrelas são os olhos e o arco-íris é o sangue da cobra-grande.[2]


Curupira

Também conhecido como Caipora, Caiçara, Caapora, Anhanga ou Pai-do-mato, todos esses nomes identificam uma entidade da mitologia tupi-guarani, um protetor das matas e dos animais silvestres.

Representado por um anão de cabelos vermelhos e compridos, e com os pés virados para trás, que fazem se perder aqueles que o perseguem pelos rastros. Monta num porco do mato e castiga todos que desrespeitam a natureza. Quando alguém desaparece nas matas, muitos habitantes do interior acreditam que é obra do curupira.

Os índios, para agradá-lo, deixavam oferendas nas clareiras, como penas, esteiras e cobertores. Também se dizia que uma pessoa deveria levar um rolo de fumo se fosse entrar na mata, para lhe oferecer caso o encontrasse. Sua presença é relatada desde os primeiros tempos da colonização.

Conforme a região ele pode ser uma mulher ou uma criança de uma perna só que anda pulando, ou um homem gigante montado num porco do mato, tendo como acompanhante o cachorro Papa-mel.[1]


Macaxeira

Um mito indígena que tem seu princípio na menina Mara, filha de um cacique, que vivia sonhando com o amor e um casamento feliz. Certa noite, adormeceu e sonhou com um jovem loiro e belo que descia da Lua e dizia que a amava.

Mara apaixonou-se, mas logo o jovem desapareceu de seus sonhos, e embora virgem, percebeu que esperava um filho. Deu à luz uma graciosa menina, de pele branca e cabelos loiros, a quem chamou Mandi. Em sua tribo foi adorada como uma divindade, mas adoeceu e acabou falecendo.

Mara sepultou a filha em sua oca e, inconsolável, de joelhos, chorava todos os dias sobre a sepultura, deixando cair leite de seus seios, para que a filha revivesse. Um dia brotou ali um arbusto. Cavando a terra, Mara encontrou raízes muito brancas, brancas como Mandi, que, ao serem raspadas, exalavam um aroma agradável. Todos entenderam que criança viera à Terra para alimentar seu povo.


Mapinguari
Monstro que ainda hoje aterroriza os moradores da floresta na região amazônica. Segundo as descrições o Mapinguari[3] é uma criatura parecida com um macaco, mais alto que um homem, de pelo escuro, com grande focinho que lembra o de um cachorro, garras pontiagudas, uma pele de jacaré, um ou dois olhos e que exala um forte mau cheiro.

Segundo o índio Domingos Parintintin, líder de uma tribo, ele só pode ser morto com uma pancada na cabeça. Mas há grande risco, pois a criatura tem o poder de fazer a vítima ficar tonta e"ver o dia virar noite".

David Oren, ex-diretor de pesquisa no Museu Paraense Emílio Goeldi, afirma que a lenda do Mapinguari é uma reminiscência de possíveis contatos de homens primitivos com as últimas preguiças gigantes que viveram na região.

A persistência de relatos recentes de avistamento levou a cientistas organizarem expedições à região[4], que não resultaram, contudo, em encontro com ou identificação do animal.




Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lendas_do_folclore_brasileiro