quinta-feira, 12 de abril de 2018

Outras Américas, Sebastião Salgado




Outras Américas registra os povos indígenas da América Latina. Com 48 fotografias em preto e branco, resulta de um trabalho que foi iniciado em 1977 e exigiu sete anos para ser concluído. Nova edição, com textos originais da época e um prefácio do editor Claude Nori relatando sua gênese.

Lília Waneck Salgado (Org.)
Tradução: Dorothée de Bruchard


APRESENTAÇÃO

Outras Américas, que registra os povos indígenas da América Latina, é o resultado de um trabalho que foi iniciado em 1977 e exigiu sete anos para ser concluído. Para realizá-lo, Sebastião Salgado percorreu desde o litoral do Nordeste brasileiro às montanhas do Chile e daí à Bolívia, ao Peru, ao Equador, à Guatemala, ao México. Na Introdução, o jornalista Alan Riding descreve o que aparece nas fotografias do livro: "Muito simplesmente, é o mundo dos destituídos, daqueles que os desertos e serras desoladas da América Latina observam enquanto seus países mudam, deixando-os de lado". É um mundo "que se mantém unido pelo nascimento, pela família e pela morte, e ainda pelo mito, pela fé e pelo fatalismo". Com sua estética que se põe a serviço da militância ética, Sebastião Salgado cria uma narrativa visual que muitas vezes obriga o leitor a constatar: é indiscutível a beleza das fotos, mas é terrível o mundo que elas retratam.

Salgado saiu do litoral do Nordeste brasileiro e passou por cidades da Bolívia, Chile, Peru, Equador, Guatemala e México. "Outras Américas" é um relato visual que impressiona pelo lirismo contido nas imagens, o que se explica pelo fato de o fotógrafo na época estar afastado do país.

Como diz no prefácio da edição, "meu único desejo era voltar à minha terra bem-amada, para meu Brasil do qual um exílio um pouco forçado me obrigou a me afastar".

Por outro lado, é uma pesquisa rica que mostra as condições de vida dos camponeses e a resistência cultural dos indígenas latino-americanos e de seus descendentes.
As mensagens trazem a marca registrada do autor e confirmam que Salgado é um fotógrafo fascinado pelo ser humano.


As fotos dessa obra baseiam-se nesse ímpeto de fascinação, fazendo o artista primar pela captação do universo humano e geográfico.

Por essa razão, o livro é uma documentação iconográfica valiosa, em que a composição e a percepção visual enunciam a expressão do autor filtrada pelas luzes e contrastes em preto-e-branco.

No plano histórico, as 120 páginas fazem uma espécie de resumo da América Latina, evidenciando seu lado místico e religioso entremeado pela miséria e pela morte.

Apesar de estar sendo lançado só agora no país, o livro não perdeu sua atualidade. Ao contrário -em fotos recentes da mexicana Flor Garduño, a situação dos indígenas permanece a mesma.
No Brasil, infelizmente, nota-se que o número de crianças de rua cresceu em relação ao período fotografado por Salgado.

De acordo com Lélia Wanick Salgado, mulher do fotógrafo, o livro só está sendo lançado agora no país porque a obra de Salgado foi descoberto há pouco tempo pelos brasileiros. Lélia, que também é autora do projeto gráfico do livro e diretora da Amazonas Images, agência criada pelo casal há cinco anos, disse que está prevista para o ano que vem uma grande mostra sobre o movimento das populações no mundo.



Fonte:
https://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=13994
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq21069909.htm

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