RELIGIÃO
De acordo
com o livro “Vivências caipiras: pluralidade cultural e diferentes
temporalidades na terra paulista” de autoria de Maria Alice Strubal e publicado
no ano de 2005,
A cultura da
sociabilidade do caipira é também marcada por intensa religiosidade herdada
tanto dos jesuítas como das manifestações indígenas e africanas. Dessa herança
construiu-se um sincretismo que incorpora desde benzeduras, assombrações,
lobisomens, sacis, danças e manifestações das culturas negra e indígena até as
práticas do catolicismo oficial. Existem diversos estudos sobre esses elementos
sobrenaturais, assim como as descrições de festas do Divino e de procissões
riquíssimas, especialmente na Semana Santa, realizadas principalmente a partir
do século XIX (SETUBAL, 2005, p. 108).
A autora
cita como exemplo os relatos dos depoimentos coletados por Monteiro Lobato,
específicamente no que se refere à figura do Saci, em sua obra intitulada Saci-
Pererê, que descreve o personagem como um menino de uma perna só e muito
travesso que roubava milhos, embaraçava crina de cavalos, comia piruá de
pipocas, dentre outros. Setubal (2005, p. 108) explica que “esses são
apenas alguns exemplos de como o homem do campo, diante dos mistérios do
desconhecido, de seu relativo isolamento e da intensa relação com a natureza,
foi elaborando mitos e crendices explicativas do mundo ao seu redor.”
Neste
sentido, muitas figuras lendárias se fazem presentes até a atualidade no
imaginário das pessoas habitantes do interior e, especialmente das que se
inserem na zona rural, indicando assim que outras histórias continuam
circulando, pois nestas regiões, “as pessoas têm mais tempo, tudo é mais
escuro, e a imaginação pode “criar asas”” (SETUBAL, 2005).
DIALETO
A cultura
caipira é marcada por um dialeto próprio e marcado por uma singularidade
rústica, compondo assim, uma característica marcante do modo de ser do caipira
(SETUBAL, 2005).
Essa
singularidade rústica , pode ser justificada pela “influência da língua tupi
onde não existem os sons para as letras d, f, l, v, z e no guarani fonemas para
as letras b, d, f, l, z. Dado a essas ausências fonéticas, o povo caipira que
se formou no interior paulista, sul de Minas e algumas áreas litorâneas,
carrega suas pronúncias em “erres” e troca o “L” pelo “r” e “lh” pelo “i” até
hoje (muié, foia, passar mar, barde, dia de sor, etc.)” (SETUBAL, 2005, p.
103).
Neste
sentido, não apenas a pronúncia, mas também as “palavras são também
carregadas de outros significados vindos de outros contextos, sendo, portanto,
multimoduladas” (SETUBAL, p. 103, 2005). Outra característica ainda a ser
apontada, está no fato de o linguajar caipira possuir o seu tom próprio, que em
geral consiste em um frasear lento, sem variações e nem musicalidade. Diante
destas características, “a linguagem foi qualificada como o elemento definidor
e caracterizador do ser caipira” (SETUBAL, 2005).
Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_caipira
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