quarta-feira, 30 de maio de 2018

A força da Cultura Caipira (Parte 3)




RELIGIÃO

De acordo com o livro “Vivências caipiras: pluralidade cultural e diferentes temporalidades na terra paulista” de autoria de Maria Alice Strubal e publicado no ano de 2005,

A cultura da sociabilidade do caipira é também marcada por intensa religiosidade herdada tanto dos jesuítas como das manifestações indígenas e africanas. Dessa herança construiu-se um sincretismo que incorpora desde benzeduras, assombrações, lobisomens, sacis, danças e manifestações das culturas negra e indígena até as práticas do catolicismo oficial. Existem diversos estudos sobre esses elementos sobrenaturais, assim como as descrições de festas do Divino e de procissões riquíssimas, especialmente na Semana Santa, realizadas principalmente a partir do século XIX (SETUBAL, 2005, p. 108).

A autora cita como exemplo os relatos dos depoimentos coletados por Monteiro Lobato, específicamente no que se refere à figura do Saci, em sua obra intitulada Saci- Pererê, que descreve o personagem como um menino de uma perna só e muito travesso que roubava milhos, embaraçava crina de cavalos, comia piruá de pipocas, dentre outros. Setubal (2005, p. 108) explica que “esses são apenas alguns exemplos de como o homem do campo, diante dos mistérios do desconhecido, de seu relativo isolamento e da intensa relação com a natureza, foi elaborando mitos e crendices explicativas do mundo ao seu redor.”

Neste sentido, muitas figuras lendárias se fazem presentes até a atualidade no imaginário das pessoas habitantes do interior e, especialmente das que se inserem na zona rural, indicando assim que outras histórias continuam circulando, pois nestas regiões, “as pessoas têm mais tempo, tudo é mais escuro, e a imaginação pode “criar asas”” (SETUBAL, 2005).


DIALETO

A cultura caipira é marcada por um dialeto próprio e marcado por uma singularidade rústica, compondo assim, uma característica marcante do modo de ser do caipira (SETUBAL, 2005).  

Essa singularidade rústica , pode ser justificada pela “influência da língua tupi onde não existem os sons para as letras d, f, l, v, z e no guarani fonemas para as letras b, d, f, l, z. Dado a essas ausências fonéticas, o povo caipira que se formou no interior paulista, sul de Minas e algumas áreas litorâneas, carrega suas pronúncias em “erres” e troca o “L” pelo “r” e “lh” pelo “i” até hoje (muié, foia, passar mar, barde, dia de sor, etc.)” (SETUBAL, 2005, p. 103).

Neste sentido, não apenas a pronúncia, mas também as  “palavras são também carregadas de outros significados vindos de outros contextos, sendo, portanto, multimoduladas” (SETUBAL, p. 103, 2005). Outra característica ainda a ser apontada, está no fato de o linguajar caipira possuir o seu tom próprio, que em geral consiste em um frasear lento, sem variações e nem musicalidade. Diante destas características, “a linguagem foi qualificada como o elemento definidor e caracterizador do ser caipira” (SETUBAL, 2005).



Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_caipira


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