HABITAÇÕES
As
habitações podem ou não estarem próximas umas das outras em distâncias
variáveis formando pequenos povoados conhecidos como arraial cuja porção
territorial está vinculada a este agrupamento formando uma certa unidade
diferente das outras.
As
acomodações primitivas de 1713 eram representadas por um rancho, também chamado
de abrigo feito de palha sobre paredes de pau-a-pique e posteriormente casas
baixas construídas de ripas amarradas com tranças de cipó e barreadas.
A casa do
caipira do século XX, segundo Antônio Candido, representa uma habitação
rustica, descrita pelo autor como um núcleo de um pequeno sistema de moradia.
As excreções e a higiene pessoal eram realizadas fora da moradia requerendo um
sistema de bica d'àgua para banhos e lavagem das roupas. O milho e o café eram
armazenados em paiol externo, somente o arroz e o feijão eram guardados dentro
das casas. Em anexo às moradias, havia o fogão de lenha e o forno de barro.
Ainda, havia apêndices tais como chiqueiros, chocadeiras, moenda manual, pilão
de pé, hortas e árvores frutíferas. As roupas eram feita com fios de algodão
tecidas por tecelãs. O camisolão até os joelhos era a vestimenta tanto
para meninos como para meninas. As mulheres vestiam-se com camisas e saias para
mulheres e os homens com ceroulas e camisas. Costumavam andar descalsos ou com
alpargatas feitas em casa e passavam o tempo a cachimbar e a balançar nas
redes.
Os
utensilios domésticos eram feitos em casa no início e mais tarde eram
encontrados no comércio das vilas, tais como pote de barro, colher de pau, etc.
A Iluminação era proporcionada pelo candeeiro de barro ou lampião queimando
azeite de mamona ou banha de porco.
HÁBITOS ALIMENTARES
A
alimentação básica do caipira primitivo era representada pelas plantas
indígenas: feijão, mandioca e milho. O modo de preparo destes alimentos foi
influenciado pelo modo português de cozimento, exceto para a mandioca cuja
extração da farinha vinha de técnicas indígenas. O acompanhamento, chamado de
mistura, era composto por carne de vaca, porco e abóbora. Mais tarde a mandioca
foi substituída pelo arroz. O feijão era fervido com sal e banha de porco,
acrescido por vezes de carne de porco. O milho era o principal cereal da dieta
dos indígenas e dos caipiras. Desse alimento era fabricada a farinha para o
fuba e beiju, pamonha, mingual, bolo e curau. Com o cereal seco produziam
pipoca, quirera, canjica e broas.
Os caipiras
aprenderam a apreciar a pimenta, mas essa não se sobressaia em relação ao sal e
a gordura. Já o toucinho imperava absoluto. O sal levou os agrupamentos a terem
contato com os centros de população favorecendo a socialização tão prejudicada
nos agrupamentos mais primitivos.Via de regra o leite, o trigo e a carne de
vaca eram raros na dieta do caipira.
A partir da
cana-de-açúcar os caipiras fabricavam a rapadura e a garapa utilizados
como adoçante e a aguardente como estimulante. O café passou a fazer
parte da dieta do caipira a partir do século XIX.
A jabuticaba
era a fruta preferida ao lado do maracujá, goiaba, mamão pitanga e banana e
outras. A atividade caipira primitivo era por excelência a caça para obtenção
de carne, habito e técnica herdados dos índios que conheciam os animais.
O plano de
subsistência seguia uma ordem. Pela manhã era comum a ingestão de café simples
ou pó de café misturado a garapa. Em seguida, o caipira partia para a roça
levando, em uma panelinha envolta em um pano e colher amarrada sobre a tampa, a
comida para o almoço e a merenda, além de uma garrafa de café. O almoço
acontecia entre 8 e 9 horas da manhã e a merenda ao meio dia. O jantar era
quente e servido em casa por volta das 17 ou 18 horas. Sua composição nào
variava em relacão ao almoço. A noite, antes de deitar costumavam ingerir café
ou garapa, mas não como regra.
Os alimentos
eram produzidos para a subsistência familiar. O triângulo alimentar do
caipira a partir do século XIX era composto sempre pelo arroz, feijão e
farinha. O caldo do feijão era ralo e com pouco sal. A mistura nem
sempre acompanhava esse triângulo ou quando aparecia era normalmente em
quantidade insignificante. As misturas prediletas, porém raras, eram o
pão de trigo e carne de vaca. As misturas mais frequentes eram ovos, carnes de
porco e galinha, esta última com parcimônia salvo as parturiente verduras tais
como couve e alface. O macarrão e a polenta também foram assimiladas pela
culinária caipira por influência do imigrante europeu.
A aguardente
era consumida de forma ampla e generalidade, inclusive por mulheres enquanto
que o leite era raro entre os mais pobres por questões econômicas.
Para o
preparo dos alimentos, o caipira costumava abusar da banha de porco e das
frituras. Seu modo de comer era sempre curvado sobre o prato, alimentando-se
rápido e com pouca mastigação. As hipóteses para esses achados recaem sobre a
presença de inúmeros problemas dentários, a presença de alimentos moles e a
necessidade de não perder tempo para que o trabalho pudesse render.
Com o fim do
regime de auto-suficiência econômica no século XIX, o pequeno agricultor não
consegue prover por inteiro as próprias necessidades alimentares, devendo
recorrer aos estabelecimentos de benefício da vila,incorporando o sistema
comercial das cidades.
Algumas
restrições alimentares faziam parte da cultura caipira. Uma delas refere-se a
dieta do pós-parto, período no qual as parturientes ficavam quarenta dias
alimentando-se exclusivamente de caldo de galinha. Na quaresma, por
exemplo, não costumavam ingerir carne de porco ou usar sua gordura no preparo
de alimentos, substituindo-a por óleo de amendoim.
O caipira,
via de regra, não costumava oferecer alimentos, salvo em circunstâncias
especiais tais como em festas e hospedagem. Se alguma visita chegasse na hora
das refeições, era de bom tom oferecer o alimento mas nenhum aceito sem a
recusa prévia por parte do visitante para não demonstrar cobiça ao alimento
alheio.
TRABALHO E ESTRUTURA SOCIAL
Em os
parceiros do Rio Bonito, Antonio Cândido faz referência à estrutura da
sociedade caipira como sendo representada por um agrupamento de algumas ou
muitas famílias com algum tipo de vínculo que se estabelece ora pela
localidade, ora pela conveniência, ora pelas práticas de auxilio mutuo e ora
pelas atividades lúdico e religiosas. Nesses agrupamentos o sentimento de
localidade não depende apenas da posição geográfica mas também do intercâmbio
entre as famílias cujo elemento de caracterização era o trabalho coletivo de
obrigação bilateral. Era comum juntarem-se muitas pessoas para o trabalho de
ambos os sexos o que chamavam de mutirão, do indígena muchiron, para as
atividades da lavoura e da indústria domestica (tecer fios de algodão). Na
sociedade caipira primitiva os alimentos eram produzidos para o próprio consumo
e raramente iam ao mercado, pois quase não havia comércio.
O ritmo de
vida era determinado pelo dia para atividades de esforço e repouso. Costumavam
acordar às 5 horas da manhã e trabalhar em torno de 12 hora no verão e 10 horas
no inverno. A semana era ditada pelo ciclo da lua, assim, nos finais de semana
costumavam frequentar festa e igreja e ir ao povoado para socialização. O ano
agrícola era a unidade de tempo que começava em agosto com a festa de São Roque
no dia 16 e terminava em julho com a festa de São João no dia 24.
Tipos de
trabalho e trocas:
a.retribuição
em trabalho
b.retribuição
em espécie
c.troca de
serviço
d.trabalho
coletivo
e.mutirão
VIDA SOCIAL
O aspecto
festivo constitui um dos pontos importantes da vida cultural caipira após o
mutirão, oferecido pelo beneficiário com alimentos e festa para encerrar o
trabalho. Não há remuneração direta ficando o beneficiário com obrigação moral
de ajudar quando convocado. A cooperação vicinal era o limite da ajuda.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_caipira
Fonte Imagem: https://fundacaotidesetubal.org.br/galeria/466
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