quarta-feira, 30 de maio de 2018

A força da Cultura Caipira (Parte 2)




HABITAÇÕES

As habitações podem ou não estarem próximas umas das outras em distâncias variáveis  formando pequenos povoados conhecidos como arraial cuja porção territorial está vinculada a este agrupamento formando uma certa unidade diferente das outras.

As acomodações primitivas de 1713 eram representadas por um rancho, também chamado de abrigo feito de palha sobre paredes de pau-a-pique e posteriormente casas baixas construídas de ripas amarradas com tranças de cipó e barreadas.


A casa do caipira do século XX, segundo Antônio Candido, representa uma habitação rustica, descrita pelo autor como um núcleo de um pequeno sistema de moradia. As excreções e a higiene pessoal eram realizadas fora da moradia requerendo um sistema de bica d'àgua para banhos e lavagem das roupas. O milho e o café eram armazenados em paiol externo, somente o arroz e o feijão eram guardados dentro das casas. Em anexo às moradias, havia o fogão de lenha e o forno de barro. Ainda, havia apêndices tais como chiqueiros, chocadeiras, moenda manual, pilão de pé, hortas e árvores frutíferas. As roupas eram feita com fios de algodão tecidas  por tecelãs. O camisolão até os joelhos era a vestimenta tanto para meninos como para meninas. As mulheres vestiam-se com camisas e saias para mulheres e os homens com ceroulas e camisas. Costumavam andar descalsos ou com alpargatas feitas em casa e passavam o tempo a cachimbar e a balançar nas redes.

Os utensilios domésticos eram feitos em casa no início e mais tarde eram encontrados no comércio das vilas, tais como pote de barro, colher de pau, etc. A Iluminação era proporcionada pelo candeeiro de barro ou lampião queimando azeite de mamona ou banha de porco.


HÁBITOS ALIMENTARES

A alimentação básica do caipira primitivo era representada pelas plantas indígenas: feijão, mandioca e milho. O modo de preparo destes alimentos foi influenciado pelo modo português de cozimento, exceto para a mandioca cuja extração da farinha vinha de técnicas indígenas. O acompanhamento, chamado de mistura, era composto por carne de vaca, porco e abóbora. Mais tarde a mandioca foi substituída pelo arroz. O feijão era fervido com sal e banha de porco, acrescido por vezes de carne de porco. O milho era o principal cereal da dieta dos indígenas e dos caipiras. Desse alimento era fabricada a farinha para o fuba e beiju, pamonha, mingual, bolo e curau. Com o cereal seco produziam pipoca, quirera, canjica e broas.

Os caipiras aprenderam a apreciar a pimenta, mas essa não se sobressaia em relação ao sal e a gordura. Já o toucinho imperava absoluto. O sal levou os agrupamentos a terem contato com os centros de população favorecendo a socialização tão prejudicada nos agrupamentos mais primitivos.Via de regra o leite, o trigo e a carne de vaca eram raros na dieta do caipira.

A partir da cana-de-açúcar os caipiras fabricavam a rapadura e a garapa utilizados  como adoçante e a aguardente como estimulante. O café passou a fazer parte da dieta do caipira a partir do século XIX.
A jabuticaba era a fruta preferida ao lado do maracujá, goiaba, mamão pitanga e banana e outras. A atividade caipira primitivo era por excelência a caça para obtenção de carne, habito e técnica herdados dos índios que conheciam os animais.

O plano de subsistência seguia uma ordem. Pela manhã era comum a ingestão de café simples ou pó de café misturado a garapa. Em seguida, o caipira partia para a roça levando, em uma panelinha envolta em um pano e colher amarrada sobre a tampa, a comida para o almoço e a merenda, além  de uma garrafa de café. O almoço acontecia entre 8 e 9 horas da manhã e a merenda ao meio dia. O jantar era quente e servido em casa por volta das 17 ou 18 horas. Sua composição nào variava em relacão ao almoço. A noite, antes de deitar costumavam ingerir café ou garapa, mas não como regra.

Os alimentos eram produzidos para a subsistência  familiar. O triângulo alimentar do caipira a partir do século XIX era composto sempre pelo arroz, feijão e  farinha. O caldo do feijão era ralo e com pouco sal. A  mistura nem sempre acompanhava esse triângulo ou quando aparecia era normalmente  em quantidade insignificante. As misturas prediletas,  porém raras, eram o pão de trigo e carne de vaca. As misturas mais frequentes eram ovos, carnes de porco e galinha, esta última com parcimônia salvo as parturiente verduras tais como couve e alface. O macarrão e a polenta também foram assimiladas pela culinária caipira por influência do imigrante europeu.

A aguardente era consumida de forma ampla e generalidade, inclusive por mulheres enquanto que o leite era raro entre os mais pobres por questões econômicas.

Para o preparo dos alimentos, o caipira costumava abusar da banha de porco e das frituras.  Seu modo de comer era sempre curvado sobre o prato, alimentando-se rápido e com pouca mastigação. As hipóteses para esses achados recaem sobre a presença de inúmeros problemas dentários, a presença de alimentos moles e a necessidade de não perder tempo para que o trabalho pudesse render.
Com o fim do regime de auto-suficiência econômica no século XIX, o pequeno agricultor não consegue prover por inteiro as próprias necessidades alimentares, devendo recorrer aos estabelecimentos de benefício da vila,incorporando o sistema comercial das cidades.

Algumas restrições alimentares faziam parte da cultura caipira. Uma delas refere-se a dieta do pós-parto, período no qual as parturientes ficavam quarenta dias alimentando-se  exclusivamente de caldo de galinha. Na quaresma, por exemplo, não costumavam ingerir carne de porco ou usar sua gordura no preparo de alimentos, substituindo-a por óleo de amendoim.

O caipira, via de regra, não costumava oferecer alimentos, salvo em circunstâncias especiais tais como em festas e hospedagem. Se alguma visita chegasse na hora das refeições, era de bom tom oferecer o alimento mas nenhum aceito sem a recusa prévia por parte do visitante para não demonstrar cobiça ao alimento alheio.


TRABALHO E ESTRUTURA SOCIAL

Em os parceiros do Rio Bonito, Antonio Cândido faz referência à estrutura da sociedade caipira como sendo representada por um agrupamento de algumas ou muitas famílias com algum tipo de vínculo que se estabelece ora pela localidade, ora pela conveniência, ora pelas práticas de auxilio mutuo e ora pelas atividades lúdico e religiosas. Nesses agrupamentos o sentimento de localidade não depende apenas da posição geográfica mas também do intercâmbio entre as famílias cujo elemento de caracterização era o trabalho coletivo de obrigação bilateral. Era comum juntarem-se muitas pessoas para o trabalho de ambos os sexos o que chamavam de mutirão, do indígena muchiron, para as atividades da lavoura e da indústria domestica (tecer fios de algodão). Na sociedade caipira primitiva os alimentos eram produzidos para o próprio consumo e raramente iam ao mercado, pois quase não havia comércio.

O ritmo de vida era determinado pelo dia para atividades de esforço e repouso. Costumavam acordar às 5 horas da manhã e trabalhar em torno de 12 hora no verão e 10 horas no inverno. A semana era ditada pelo ciclo da lua, assim, nos finais de semana costumavam frequentar festa e igreja e ir ao povoado para socialização. O ano agrícola era a unidade de tempo que começava em agosto com a festa de São Roque no dia 16 e terminava em julho com a festa de São João no dia 24.

Tipos de trabalho e trocas:
a.retribuição em trabalho
b.retribuição em espécie
c.troca de serviço
d.trabalho coletivo
e.mutirão


VIDA SOCIAL


O aspecto festivo constitui um dos pontos importantes da vida cultural caipira após o mutirão, oferecido pelo beneficiário com alimentos e festa para encerrar o trabalho. Não há remuneração direta ficando o beneficiário com obrigação moral de ajudar quando convocado. A cooperação vicinal era o limite da ajuda.



Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_caipira
Fonte Imagem: https://fundacaotidesetubal.org.br/galeria/466


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