terça-feira, 6 de julho de 2021

Cultura Popular e Comunicação: A Folia de Reis em Bairros Populares de Juiz de Fora/MG












A bandeira e a máscara: estudo sobre a circulação de objetos rituais nas Folia de Reis


Esta tese aborda o lugar que certos objetos ocupam em sistemas de trocas de natureza ritual. Adotando os objetos materiais como ponto de vista para observar essas relações, enfatiza-se o modo como eles estabelecem mediações entre domínios sociais e cosmológicos diversos, desencadeando transformações sociais e simbólicas. O foco da descrição e análise é a circulação da bandeira e da máscara no contexto social e ritual das folias de reis, empreendimento festivo que ocorre em grande parte do território brasileiro. Trata-se de grupos de cantores e instrumentistas que realizam anualmente visitas rituais às casas de devotos, distribuindo bênçãos em troca de donativos destinados à festa dedicada aos Reis Magos. Etnograficamente, a bandeira e a máscara se insinuam enquanto símbolos dominantes, apresentando-se de forma complementar e produzindo reflexos no plano das ações sociais e rituais. Procura-se mostrar como esses objetos, ligados entre si pelas pessoas que coletivamente os manipulam, materializam vínculos fundamentais, pondo o sistema em movimento e permitindo a emergência de novas idéias e sentidos. Acompanha-se o deslocamento das folias de reis por contextos multiculturais, quando os objetos passam, então, a ser vistos a partir de “enquadramentos” particulares, ganhando novos significados.

Giro das saias: o embrionário empoderamento feminino na manifestação artística e cultural da Folia de Reis



Esta pesquisa foi guiada pelo desejo de mostrar e analisar a trajetória de mulheres no contexto androcêntrico das Folias de Reis da cidade de Leopoldina – MG. No transcorrer da pesquisa foi possível compreender que a mulher não se inseriu tardiamente nesse universo, como possa supor um observador descontextualizado e apressado. Na verdade ela sempre esteve intrinsecamente inserida, envolvida e absorvida pelas demandas da manifestação em honra aos Santos Reis, porém em lugares e funções invizibilizados. Por um viés interdisciplinar, tangendo perspectivas etnográfica, sociológica, antropológica, histórica e com um olhar sensível para o contexto artístico que se desvela, o desafio foi lançado com a necessidade de análise das relações de poder existentes em uma encruzilhada onde se encontram religião, mulher e folia. Como se estruturou essa relação no passado, que desdobramentos tal relação contemplam as mulheres hoje e como sua agência atual, suas possibilidades de liderança que já se legitimam, projetam um futuro feminino nas Folias de Reis se expressam como demandas essenciais desta pesquisa. Para refletir sobre isso se tomou por base 4 grupos de folias leopoldinenses: Folia da Serra, Folia dos Colodinos, Folia da Maú e Folia da Luíza. Quais caminhos as líderes de folia traçaram ou lhes foram oferecidos que não se desvelaram para as outras que continuam à margem das esferas de visibilidade e poder da folia? Teriam esses caminhos tão diversos base religiosa? Quais legitimações e proibições mitológicas, representantes de uma estrutura de pensamento, se impuseram no refreamento ou impulsionamento da agência autônoma das mulheres nesse cenário? Tais questionamentos suscitaram uma investigação rizomática, que demandaram uma análise balizada pela categoria de gênero que só se anuncia plenamente na interseccionalidade. Assim, foram perscrutadas religiosidades, estruturas míticas, submissão e liderança femininas em contextos diferentes unidos somente pela lógica da devoção aos Santos Reis. Esteticamente e artisticamente é possível perceber semelhanças profundas entre os grupos, porém a dinâmica de poder que se articulam em seu interior e a pertença religiosa que possui relação íntima com as esferas de poder, diferenciam de maneira sensível suas identidades, atitudes, escolhas e caminhos a seguir e trilhar. São as tensões e ressignificações desses caminhos que nos debruçamos a percorrer e perscrutar suas causas e consequências, que se desvelam e se expressam em uma tradição cultural cambiante devotada a santos peregrinos.

As Folias de Reis: uma leitura da cultura mineira mediada pela comunicação


O objeto de estudo dessa pesquisa é a Folia Estrela do Oriente, de Juiz de Fora, Minas Gerais, no período entre 2010 e 2011. Nosso objetivo principal é inserir o estudo das Folias de Reis no contexto das pesquisas recentes da comunicação. Por meio das simbologias constituintes das Folias, investigamos as re-significações e as readaptações, elaboradas no seio das comunidades que produzem e reproduzem as festas. Procuramos, principalmente, compreender de que forma tal ritual popular dialoga com os meios massivos. Para tal, foram investigados os aspectos comunicacionais dos rituais. Suas mitologias sobrevivem por meio (e apesar) da sociedade industrial e digital. Nossa questão-problema é: de que maneira o ritual das Folias de Reis dialoga com a comunicação de massa? A pesquisa mostrou que, em culturas mestiças, flexíveis e móbeis, o popular e o massivo, o oral e o escrito, o aberto e o fechado, o centro e a periferia dialogam em tensão, incorporando elementos alheios e rompendo com oposições. Foi analisado, portanto, o diálogo entre o popular e o massivo, questão de suma importância em nossa cultura, constantemente reelaborada a partir da incorporação do alheio, formando novos textos em rede e mosaico. Nosso suporte teórico principal está nos estudos da comunicação que investigam as mediações entre cultura popular e de massa; como as manifestações populares e folclóricas são incorporadas e reelaboradas pela indústria cultural, que propiciam projeções e recriações simultaneamente? Outro ponto do trabalho é a figura do Palhaço, personagem importante da Folia, e suas máscaras que, carregadas de representatividade, disfarçam, amedrontam e escondem, permitindo ao homem apresentar a sua condição de ser e não ser . Nestas máscaras estão presentes o lendário, o sagrado e o profano, em estampas do grotesco que se apropriam de um barroco traduzido em exuberantes fantasias, desenhando o território do mestiço. Assim encontramos os mascaramentos atuais que, numa apropriação simbólica, mostram as experiências cotidianas que deixam marcas , ou máscaras sociais , criando possibilidades de camuflagem. Contribuem, para nossa fundamentação, pensadores da teoria das mediações, como Néstor García Canclini e Jesús Martín-Barbero. Das teorias da mestiçagem, podemos citar, Amálio Pinheiro, Serge Gruzinski, Peter Burke, Iuri Lotmam, Laplantine

Para acessa a tese na íntegra:


Livro narra violento fim do Arraial do Curral del Rei e criação de BH

 

Em Arraial do Curral Del Rei – A desmemória dos bois, 34º título da coleção BH. A cidade de cada um, da Conceito Editorial, Adriane Garcia aborda o encantamento com a linda cidade que nasce e, ao mesmo tempo, que se choca com o desencantamento da promessa não cumprida dos benefícios do progresso. Excludente, este chega para poucos. "O projeto de Aarão Reis se constrói como se aqui fosse tábula rasa. É violento, não considera aqueles que viviam no local, dispensa o registro de sua memória. Trata-se da planta de uma cidade ideal, desenhada, e não só os habitantes, mas também a natureza, os rios, as paisagens, vão ter de se submeter", afirma Adriane Garcia, escritora e historiadora.


Eram excelentes as condições oferecidas pelo Arraial do Curral del Rei para que ali fosse implantada a primeira cidade planejada da República: o lugar registrado nos livros de história para a fundação de Belo Horizonte estimula a imaginação do idílico. Agradável era o clima; cortadas por rios e córregos, belas eram as paisagens entre as serras do Curral e de Contagem, da Piedade e Vale do Paraopeba. Aqui, a 100 quilômetros da então capital, Ouro Preto, o engenheiro Aarão Reis arrancaria de sua prancheta, inspirado no modelo das mais modernas cidades do mundo, Paris e Wa- shington, os traçados das avenidas em diagonal.


Era o progresso, o triunfo republicano. "Belo Horizonte foi construída para ser o marco zero. E isso não é verdade, pois quando foi colocada nesse lugar existia aqui uma gente, uma história, desde o século 18. E a essa gente desse arraial, que se chama do Curral del Rei, não é dada nenhuma escolha. São despejados. E, obviamente, com a indenização que recebem, não conseguem adquirir terras na nova capital. O sonhado progresso não chega para essa população", afirma Adriane Garcia. 

 

Censo: dois terços da população era preta ou parda
 
O arraial em 1897 tinha cerca de 2,6 mil habitantes, segundo registro do padre Francisco Martins Dias, autor da obra Descriptivos de Bello Horizonte, lançado em julho de 1897, cinco meses antes da inauguração da nova capital.
 
E é reconstituindo o contexto histórico da fundação da capital mineira, que Adriane Garcia tece em versos a teia de personagens ficcionais que habitavam aquele lugar, sobre os quais não restou memória. "O arraial, ao final do século 19, não era um lugar idílico. Era um lugar de muitos pretos, pardos e pobres, de divisão de classes, pessoas que se sentavam por grupos na igreja, conforme a sua posse", afirma Adriane Garcia. Ela observa que 25 anos antes da construção da capital, no censo de 1872, fica demonstrado que pretos e pardos constituíam dois terços da população local.
 
"Quando vai instalar a capital, quem está dentro do arraial vai sair. Quem está fora e tem posses vai entrar. Então, está substituindo pretos e pardos pelos brancos. É nesse sentido um projeto higienista", afirma a autora, que indaga: "Quem construiu a capital, já sabemos. Mas quero saber dos despejados.

Sem mãos pro trabalho, sem força nas pernas
O velho Tião, no meio da mata
Como perdeu tudo
Se não tinha nada?
Choupana de barro, batido na vara
Caindo aos pedaços, casa de cupim
Comendo farinha, molhada na água
Como perdeu tudo
Se não tinha nada?
Lá vai Tião rumo a Deus sabe quando
Lá vai sem sapatos, que Tião nunca tem
Trouxa de pano, camisa e duas calças
A roupa do corpo e a gamela quebrada
Como perdeu tudo
Se não tinha nada?
O sol escaldante, cavalo nem boi
As terras de Tião eram do coronel?
Que ainda debocha e soa a bravata:
Como perdeu tudo
Se não tinha nada?
 
Sinais de resistência no Arraial

"Pelos registros históricos, a impressão que fica é que quando construíram a capital disseram para as pessoas: vocês têm de sair. E elas foram. Mas houve resistência", diz a autora, que num mosaico de fragmentos encontra inúmeras pistas. Na Revista do Arquivo Público Mineiro, por exemplo, ela pinça a história do jornalista europeu Alfredo Camarate, que, tendo procurado no arraial os serviços de um alfaiate para que lhe fizesse umas calças, dele ouviu a recusa do serviço, com a gentil indicação de outro profissional, que seria "melhor e mais barato".
 
Adriane afirma: "O jornalista achou que tal fôra por tacanhice. Mas eu aposto em resistência: não quis prestar o serviço àqueles que chegavam para desalojá-los". Sobre o episódio, assim escreveu Alfredo Camarate: "E fui-me cismando... na balança da minha consciência, os novos bens que trará a este povo a conquista vertiginosa dos progressos do século e as antigas virtudes patriarcais deste povo, que irão esvaindo nas fórmulas positivas e interesseiras dos povos ultracivilizados. Filósofos e moralistas dirão, uns, que Belo Horizonte ganha, outros, que Belo Horizonte perde!"
 
Sobre a reação dos antigos moradores do Arraial do Curral del Rei face à ameaça do despejo, de fato, não há registro. Nas entrelinhas dos textos da época, a autora garimpa histórias e as transforma em versos, ao estilo de Cecília Meireles, em Romanceiro da Inconfidência:

Josina Rodrigues
A lavadeira
Esperou o último minuto
E botou uma corrente na porta
Segura à corrente, do lado de fora
Josina espera que seu ato
Pare o delegado
O delegado é compassivo
Paralisa os seus homens em fila
E lhe dá mais uma hora
Josina tem uma hora
Para tirar seus pertences
Josina tem 50 minutos
Para carregar o passado
Josina tem meia hora
Para esquecer trinta anos
Josina tem 20 minutos
Para parar de chorar
As filhas de Josina
Socorridas por vizinhos
Há muito estão na carroça
Josina tem 10 minutos
Para trazer seus brinquedos.

"Assim como na Guerra de Canudos, que acontece quase na mesma época, a fundação de Belo Horizonte também se dá sobre uma violenta política higienista. A pergunta que faço: que República é essa que nasce? E temos os mesmos vícios estruturais que são os mesmos que vivenciamos hoje", constata a autora. Para Adriane Garcia, os herdeiros dos antigos moradores do arraial, assim como os seus ascendentes despejados, ocupam hoje as periferias e favelas da capital. "São esses os herdeiros dos despejados", diz.


Texto extraído de: 
https://www.em.com.br/app/noticia/pensar/2019/11/08/interna_pensar,1099299/livro-narra-violento-fim-do-arraial-do-curral-del-rei-e-criacao-de-bh.shtml

Fonte Figuras:
https://www.em.com.br/app/noticia/pensar/2019/11/08/interna_pensar,1099299/livro-narra-violento-fim-do-arraial-do-curral-del-rei-e-criacao-de-bh.shtml


Serra do Curral

 

Por enquanto, temos nosso belo horizonte em grande parte preservado. Para mantê-lo em definitivo, é preciso cultivar a paixão. Para adquiri-la, basta olhar de sua janela a Serra do Curral ao entardecer. De qualquer ponto da cidade, lá está ela, rubra, em brasa, linda. Mais que o ferro, a beleza é sua maior riqueza.


Arte naif

 

Fonte Figura: https://br.pinterest.com/ajurspartes/_created/

Arte naif: Plantio de Reserva Ambiental em torno de um lago

Artista: Fátima Camargo - Santa Cruz do Rio Pardo/SP
Obra: Plantio de Reserva Ambiental em torno de um lago

Fonte Figura: https://enzoferrara75.wixsite.com/olhosnaifs/encontro-nacional-de-arte-naif-2019


Arte naif: Indo trabalhar

Artista: Doralice Ramos - Mogi das Cruzes/SP
Obra: Indo trabalhar

Fonte Figura: https://enzoferrara75.wixsite.com/olhosnaifs/encontro-nacional-de-arte-naif-2019

Arte naif: A pracinha da Igreja

Artista: Eliana Martins - Belo Horizonte/MG
Obra: A pracinha da Igreja

Fonte Figura: https://enzoferrara75.wixsite.com/olhosnaifs/encontro-nacional-de-arte-naif-2019

Vale do Jequitinhonha - Cultura e Desenvolvimento

 








Missão Mário de Andrade: uma viagem pela cultura popular

 

Em 1938, Mário de Andrade idealizou e coordenou a Missão de Pesquisas Folclóricas, que passou por cidades do Norte e Nordeste com o objetivo de registrar músicas, danças, festas populares e rituais religiosos da região, manifestações populares que o escritor temia estarem condenadas ao desaparecimento. Em maio de 2015, o repórter Guilherme Freitas e o fotógrafo Custódio Coimbra percorreram cinco dessas cidades, mostrando que, se a “sentença de morte” temida pelo escritor não  se concretizou, graças a artistas, ativistas e pesquisadores, a cultura popular ainda é ameaçada pelo descaso e pela intolerância.


Lendas e contos populares do Paraná


Quem vai podar o homem dos sonhos, das suas ilusões, da imaginação fértil e livre que constrói os básicos sentidos para o mundo e a vida. Isso, até hoje, não pode, e não deve ser contido. Os símbolos e a linguagem (outro símbolo) planam soltos. Vêm, de onde ninguém sabe. E são eles

que identificam uma sociedade, um povo, dando-lhe uma identidade singular, onde quer que ele esteja. Os mitos e as lendas são fenômenos da psique, dos dados individuais e coletivos,

da trajetória épica, trágica ou cômica, dos seres humanos. Através dos mitos e das lendas pode-se penetrar nos meandros psicológicos dos homens, investigar seus desejos e suas leituras da terra e de si mesmos; o que é, num certo sentido, conhecer a própria história.


Para acessar o livro on line: https://docplayer.com.br/211821-Lendas-e-contos-populares-do-parana.html

Contos gauchescos e lendas do Sul

 

Esta edição de Contos gauchescos e Lendas do Sul é uma oportunidade única de leitura de um grande clássico da literatura brasileira. A obra máxima de João Simões Lopes Neto (1865-1916) se baseia na experiência direta no mundo campeiro gaúcho, da fazenda de criação de gado, assim como da tradição guerreira da fronteira do Brasil com os países do Prata. Forjando personagens impressionantes e criando cenas de intensa força, resultado do confronto entre os sentimentos mais humanos como o amor, a sobrevivência, a luta pela domesticação da natureza, Simões Lopes Neto universaliza sua literatura ao abordar temáticas caras a autores contemporâneos seus, tais como Monteiro Lobato no Brasil, Horacio Quiroga no Uruguai, além de Joseph Conrad e Rudyard Kipling, ambos pertencendo ao universo inglês.






Histórias, contos, lendas e tradições das comunidades ribeirinhas do rio São Francisco


Este texto apresenta as lendas, tradições e histórias que povoam o imaginário da população que vive às margens do rio São Francisco, à luz do relatório técnico de pesquisa de campo do historiador Márcio Santos, que participou da Expedição Halfed, realizada entre 14 de outubro e 18 de novembro de 2001, percorrendo aproximadamente 85% da extensão do rio São Francisco. Essa expedição foi uma das principais ações promovidas pela Campanha Rio São Francisco Patrimônio Mundial, que teve como objetivo central, elaborar um dossiê para enviar à UNESCO, a fim de ser reconhecido como patrimônio cultural da humanidade o acervo histórico, artístico e natural do entorno deste rio. Ainda traz a contribuição de alguns artigos publicados na edição especial da revista on line Jangada Brasil – Velho Chico: Tradições, Lendas e História do rio São Francisco – e estudos de Zanoni Neves sobre os remeiros. Por fim, elenca o patrimônio cultural imaterial, apresentado pelos autores acima referidos.

Estórias fantásticas do rio São Francisco


Brasil Interior – Palestras populares – folk-lore das margens do S. Francisco, 1912, de Manoel Ambrosio, provoca uma dessas experiências curiosas. Passeando entre as prateleiras da Coleção Mineiriana, da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, o livro se destaca pelo subtítulo: Palestras populares – folk-lore das margens do S. Francisco. É a sua arma de sedução imediata. A data, o lugar e o tema incitam a curiosidade que provoca o jogo do desfrute: mas o que diziam essas pessoas naquela época? Será que dizem ainda hoje?

Para acessar o artigo sobre o livro: http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/acervo/rapm_pdf/Estorias_fantasticas_do_rio_Sao_Francisco.PDF


Nas entranhas do Bumba meu boi

 

Eu fiz um boi
 Pra contrário não dizer
 Que este terreiro é dele
 Se disser Pau vai comer
 Sou cantador do tempo
 E o tempo tenho cantado
 Tempo que falta é futuro
Tempo que sobra é passado
 Cantador que canta só
 Canta mal acompanhado

 Joãozinho Ribeiro Poeta,
músico e (en)cantador da cultura maranhense

Guarnecer o Boi, no dizer maranhense, é um chamado entoado para juntar o povo em torno do Bumba meu boi. A toada inicial convoca os brincantes e o público ao prazer com o som ritmado e ancestral dos tambores; ao aprendizado com a força dos anciãos que atravessam as madrugadas bailando, sustentados por fé e compromisso; à alegria das crianças que aprendem brincando e representam a continuidade da cultura; ao encantamento com o mistério e o bailado do touro, que morre, mas ressuscita, numa dança de júbilo e esperança.

Para acessar o livro na íntegra: 



Causos e lendas de Ouro Preto: um passeio pelas memórias da cidade


Lendas e causos são, em geral, histórias passada de geração em geração sem necessidade de uma documentação que comprove os fatos. Contudo, em Ouro Preto, algumas destas histórias ganham ares de realidade. Além disso, várias se misturam com o turismo e os personagens clássicos da cidade.

E elas não apenas fazem parte do imaginário popular como aguçam a curiosidade de visitantes. Neste artigo, você irá conhecer um pouco sobre as principais lendas de Ouro Preto e onde pode vivenciar um pouco da cultura oral da cidade mineira.

Importante salientar que nenhuma destas histórias precisam de justificativas ou confirmações. Por isso, são envolvidas em um misto de realidade e ficção, tão comum na memória do povo ouro-pretano.
Para conhecer a história da cidade e as as atrações turísticas, como museus e igrejas, leia nosso texto sobre o que fazer em Ouro Preto.

Lendas e causos como resgate cultural em Ouro Preto

“Ouro Preto é um lugar além do túnel do tempo”. Assim se inicia o livro da historiadora Ângela Xavier, que em 2009 documentou os principais causos da cidade. Com o nome de “Tesouros, fantasmas e lendas de Ouro Preto”, Ângela mapeou os principais lugares da antiga Vila Rica e deu nome ao folclore que permeia os mais de 300 anos de sua fundação.

Como um resgate histórico da tradição oral ouro-pretana, o livro permeia desde o surgimento do vilarejo até mesmo a famosa história do Conto do Vigário. Abaixo, separamos algumas que você merece conhecer. 

As igrejas fazem parte das lendas de Ouro Preto – Foto: Gegeca (CC BY-NC-ND 2.0)

Quem conhece Ouro Preto, pode se perguntar por onde os bandeirantes vindos de São Paulo teriam chegado à cidade. Ainda que a maior parte de visitação esteja nos arredores do Museu da Inconfidência, a história mostra que o nascimento de Vila Rica dista da Praça Tiradentes.

Isso porque na manhã de 24 de junho de 1697, o majestoso pico do Itacolomi surgiu à frente da expedição no dia de São João. E em sua homenagem, ali se construiu a primeira Capela do povoado, próximo à entrada do Parque das Andorinhas.

Para conhecer o local onde Ouro Preto nasceu, é necessário o acesso por outros 3 bairros, além de ser o único ponto de visitação naquelas proximidades.

Galanga: De rei a escravo, de escravo a rei

Conta a história oral que Galanga Muzinga era rei em uma tribo do Congo e foi aprisionado, juntamente com sua família. Em outras palavras: deixou seu reinado em um país distante da África para se tornar escravo em Ouro Preto. Naquela época, aos homens escravos se davam o nome de Francisco. Às mulheres, Maria.

Devido o peso de seu navio, decidiram arremessar todas as mulheres ao mar. Entre elas, a rainha Djalô e a princesa Itúlu, por serem “mercadorias” de menor valor.

Galanga foi comprado pelo Major Augusto no Rio de Janeiro e trazido para Minas Gerais. Além disso, após anos de trabalho, juntamente com o filho, conseguiu a própria alforria a pedido do padre Figueiredo, de quem se tornara amigo. 

Ao saber que seu ex-patrão estava decadente, propôs a compra da mina do Pitangui, com trabalho dobrado. Dessa forma, aos 37 anos, conseguiu comprar a alforria de seu filho Muzinga.

E por conhecer muito bem o local, ainda extraiu 23 quilos de ouro de uma mina praticamente falida. E com isso, comprou a alforria de outros 37 amigos e súditos, transformando a mina em território livre do Congo.

O próximo sonho foi construir uma capela para Santa Efigênia, onde após sua conclusão, os outros alforriados o coroaram rei. E assim, entraria para história como Chico Rei. A festa de sua coroação inaugurou a tradição mineira do Congado.

E o complexo de minas, ainda hoje, estão abertas à visitação no bairro Antônio Dias, enquanto a Igreja pode ser visitada no bairro de mesmo nome, Santa Efigênia.

A estátua de São Jorge e o assassinato do escravo

Dentre as mais diversas obras de Aleijadinho, uma delas guarda uma lenda peculiar e assustadora. No caso, a estátua de São Jorge. Encomendada pelo governador com tamanho um pouco maior que o natural, ela é cheia de histórias.

Primeiramente, porque conta-se que Aleijadinho moldou o rosto de Antônio Romão, chefe de gabinete, que o teria recebido mal. Isso por causa de seus ferimentos e deformações físicas. 
Na procissão de Corpus Christi, São Jorge sairia em público pela primeira vez. Mas por um susto do cavalo que a conduzia, a estátua tombou e sua lança atravessou o corpo de um escravo. 

Por não saberem a quem culpar, culparam a estátua. E para quem deseja vê-la, até hoje se encontra atrás das grades, no atual Museu da Inconfidência.

Vale lembrar que São Jorge, é um santo da Capadócia. Na famosa região da Turquia há igrejas escavadas dentro de rochas. Para conhecer mais sobre essa região, leia nosso texto da Capadócia.

Segundo dados do Iphan, o sino da capela do Padre Faria pesa 380 quilos, sendo 8 quilos de ouro maciço. Contudo, no dia da morte de Tiradentes, todos os toques em Ouro Preto foram proibidos. Isso porque a um traidor não cabia qualquer tipo de homenagem. 

Porém, conta a história que este sino tocou o dobre de finados naquela data, sem nunca a população saber quem fez tal homenagem.

Sino de igreja em Ouro Preto – Foto: Denilson Novaes (CC BY 2.0)

Lendas e causos da cabeça de Tiradentes em Ouro Preto

Primeiramente, é importante lembrar que, segundo a história, Tiradentes foi enforcado e seu corpo espalhado em lugares distintos. O motivo, segundo a Corte Portuguesa, era para que servisse de lição a outros possíveis traidores do império.

A cabeça – considerada o troféu maior dos assassinos, foi salgada, e colocada em uma gaiola no alto de uma estaca. A intenção era que ali ficasse, na futura Praça Tiradentes, até que se consumisse.

Contudo, a lenda conta que a cabeça sumiu apenas um dia após sua colocação, criando causos sobre seu paradeiro. Alguns dizem que foi embalsamada e enterrada em local desconhecido.

Outros, que ela teria sido roubada por um monge, que a tirava periodicamente para meditar sobre vida e morte. E numa terceira versão, ela foi levada por uma admiradora, que embriagou o soldado que a vigiava e a furtou.

A verdadeira história nunca se revelou, mas cerca de 200 anos depois, uma réplica – com corpo e tudo – vigia a cidade do alto de seu ponto principal.

O conto do vigário: de lenda à expressão popular

Em quase todo o país, a expressão conto do vigário é utilizada para explicar as trapaças de alguém. Mas poucos sabem que o fato tem origem em um caso conhecido por toda a cidade de Ouro Preto. Aliás, o assunto inclusive tornou-se samba enredo da São Clemente no Carnaval carioca de 2020.

O conto do vigário original teria acontecido no século 18 com duas paróquias que queriam a mesma imagem de Nossa Senhora. São elas: Igreja do Pilar e Igreja de Nossa Senhora da Conceição. As duas, em bairros opostos do centro de Ouro Preto.

Para resolver o impasse, um dos vigários propôs que se colocasse um burro na praça principal. A partir disso, para onde o burro fosse, é onde ficaria a imagem da santa.

Após o burro ir apenas para a Igreja do Pilar, se descobriu que o burro era de propriedade do próprio vigário.

Texto extraído de: https://www.abraceomundo.com/lendas-de-ouro-preto/
Fonte Figuras: https://www.abraceomundo.com/lendas-de-ouro-preto/

segunda-feira, 5 de julho de 2021

Uma pintura, mil palavras... Encontro de Congadas em São Luís do Paraitinga

 

Artista: Rosângela Politano - São Luís do Paraitinga/SP
Obra: Encontro de Congadas em São Luís do Paraitinga

Fonte Figura: https://enzoferrara75.wixsite.com/olhosnaifs/encontro-nacional-de-arte-naif-2019


Uma pintura, mil palavras... A Congada de Serra

 

Artista: Helena Vasconcelos - Serra/ES
Obra: A Congada de Serra

Fonte Figura: https://enzoferrara75.wixsite.com/olhosnaifs/encontro-nacional-de-arte-naif-2019


Uma pintura, mil palavras... A Paisagem Mineira

 

Autor: Rodrigues Lima - Pouso Alegre/MG
Obra: A Paisagem Mineira

Fonte Figura: https://enzoferrara75.wixsite.com/olhosnaifs/encontro-nacional-de-arte-naif-2019


Uma pintura, mil palavras... Oh!Linda - Alto da Sé

 

Artista: André Cunha - Rio de Janeiro/RJ
Obra: Oh!Linda - Alto da Sé

Fonte Figura: https://enzoferrara75.wixsite.com/olhosnaifs/encontro-nacional-de-arte-naif-2019

Uma pintura, mil palavras... Forrozeiros

Artista: Ana Denise - Aracaju/SE
Obra: Forrozeiros

Fonte Figura: https://enzoferrara75.wixsite.com/olhosnaifs/encontro-nacional-de-arte-naif-2019


O Rio Grande do Sul contado em lendas

 

Fonte da Figura: https://invinoviajas.blogspot.com/2014/08/salamanca-do-jarau-lenda-gaucha-de-um.html

Lendas Populares do Rio Grande do Sul


As  tradições  do  Sul  do  Brasil  oferecem  uma  mistura  advinda  do  folclore  ameríndio,  do  folclore europeu, principalmente  português, italiano e  espanhol,  e  do folclore  afro-gaúcho, ou seja, o folclore dos  escravos  africanos.  Antigamente,  associado  às  lutas  fronteiriças,  o  gaúcho  era  um  homem  da planície,  corajoso  e  combativo,  que  costumava  beber  o  mate,  bebida  quente  e  amarga,  chamada,  no Sul,  de  chimarrão.  Muitas  vezes,  era  nas  rodas  de  chimarrão,  momentos  de  descanso  para  jogar conversa fora, que se contavam histórias. Tendo em vista a grande riqueza do lendário do Rio Grande do  Sul,  selecionamos  aqui  um  conjunto  de  histórias  e  crenças  que  nos  pareceu  representativo  da tradição gaúcha. Buscamos considerar o passado histórico, através das lendas das Missões, das lendas indígenas e das narrativas de escravos e das crenças populares que retratam os personagens do diabo, dos lobisomens, das feiticeiras e dos fantasmas.


Almanaque Brasilidades - Um inventário do Brasil popular

 


É possível reunir, em um mesmo livro, temas como fé e festas, guerras, comida, música, mitos e encantos de um país tão diverso como o Brasil? O desafio parece ainda mais “assombroso” se considerarmos as pecularidades e nuances de manifestações populares do Oiapoque ao Chuí, com povos e histórias que participam de uma rica e dinâmica miscelânea cultural. Das várias acepções que o conceito de “cultura” tem, a que norteia o Almanaque Brasilidades é aquela que encara a cultura como todo processo humano de criação e recriação das formas de viver; englobando padrões de comportamen­to, visões de mundo, elaborações de símbolos, crenças e hábitos. Formas de nascer, amar, odiar, matar, morrer, cantar, dançar, orar, praguejar, beber, comer… Dessa maneira, o historiador Luiz Antonio Simas apresenta, em estilo inspirado nos almanaques populares – leve, dinâmico e rico em informações e curiosidades –, as tradições brasileiras que se inscrevem no tempo, mas também que se reinventam e se renovam em suas expressões populares. As festas dos santos católicos, as crenças de origem indígena, a forte herança religiosa afro-brasileira. Dos grandes personagens nacionais, como Rui Barbosa, Marechal Rondon e Gilberto Freyre, aos menos conhecidos, mas não menos encantadores, como a quitandeira Sabina das Laranjas, o tecelão Francisco Carregal, primeiro negro a jogar em um time de futebol no Brasil, e Zé Limeira, o poeta surrealista do cordel. Todos fazem parte de um mesmo universo mágico e popular, onde convivem benzedeiras, rezadeiras, rendeiras, profetas, sambistas e generais, ao lado de mitos e assombrações, como o saci, a onça cabocla, o capelobo e outros elementos que se encontram nas encruzilhadas do país. É, portanto, dos dilemas inventados no tempo, nos cotidianos de campos e cidades, em formas próprias de recriar mun­dos – entre a fantasia e a História –, que nascem e vivem as brasilidades.




domingo, 4 de julho de 2021

Brasil - Almanaque de Cultura Popular

 

Fatos curiosos e divertidos sobre um Brasil rico na sua cultura popular. O que se comemora em cada dia do ano; o que se colhe a cada mês; os signos; o significado das expressões mais tradicionais; os santos de cada dia do mês; as festas e os costumes populares.



Histórias e Leituras de Almanaques no Brasil

 

O livro de Margareth Brandini Park sobre os almanaques farmacêuticos brasileiros é uma bela e importante contribuição à história da produção, da circulação e da leitura das obras de grande difusão. Ele confirma que é muito arriscado qualificar sem nuanças o almanaque de "popular". Certo, seu público é bem popular, se se entende por isso que ele é formado por muitos leitores que pertencem aos meios pobres e mais humildes da sociedade. O almanaque é um livro destinado a todos e que todos, mesmo os menos letrados ou os analfabetos, podem "ler". Mas, desde o século XVIII ou o século XVII, mesmo antes, o almanaque é um gênero ao mesmo tempo literário e editorial utilizado para difundir textos de natureza extremamente diferente. Daí o sucesso perpetuado de um livro que pode ser, ao mesmo tempo, útil e prazeroso, didático e de devoção, tradicional e "esclarecido". Essa diversidade organiza a tipologia das obras, dos simples calendários, que indicam os santos de cada dia e as fases da lua, até os almanaques poéticos ou enciclopédicos. Ela se encontra igualmente no seio de muitos almanaques compostos de textos capazes de responder a todas as demandas, de satisfazer a todas as necessidades. "Ele tem de tudo", como declara Carlos, um dos leitores de almanaques entrevistados por Margareth Brandini Park.



Lendas e Mitos do Brasil


Para acessar o livro na íntegra: 







Viola-de-cocho: o saber/fazer que dá ritmo às celebrações mato-grossenses


A viola-de-cocho (variante da viola regional brasileira) é um instrumento musical essencial nas manifestações culturais e celebrações tradicionais, notadamente dos municípios pertencentes à Região do Vale do Rio Cuiabá e Pantanal Mato-grossense, como o Cururu, o Siriri, a Dança de S. Gonçalo, o Boi-à-Serra e outras festas religiosas que acontecem, principalmente na zona rural. Tombado como Patrimônio Imaterial Brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), esse instrumento musical é singular em relação à forma e sonoridade por possuir um formato piriforme, de tamanho aproximado de 58 cm a 78 cm de comprimento e 10 cm de lateral e composto de cinco ou seis cordas. O presente trabalho discute a relevância do modo de fazer da viola-de-cocho no que tange ao valor patrimonial, bem como o seu valor simbólico, o reconhecimento e valorização desses agentes culturais produtores desse saber para a formação e contribuição de uma identidade cultural.

Para acessar o artigo na íntegra: https://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/18117.pdf

Fonte Figura:  IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional