O presente
estudo aborda o repente ou cantoria, modalidade de poesia cantada e improvisada
praticada na região Nordeste do Brasil, especialmente nos estados de
Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Seus praticantes são chamados
de repentistas, cantadores ou violeiros e cantam sempre em dupla, alternando-se
na composição de estrofes de acordo com parâmetros rígidos de métrica, rima e
coerência temática. Há um conjunto de regras formuladas nesse sentido, mas os
repentistas improvisam seus versos a partir de fundamentos práticos como o
ritmo poético incorporado. O improviso coloca o repentista em relação com
modelos estéticos como o ritmo da poesia, os padrões melódicos e as regras da
cantoria, ao mesmo tempo em que o põe em diálogo com o outro cantador e com as
demandas e reações da platéia. O improviso, portanto, não é apenas a criação poética,
mas também o desenrolar de um jogo de interação dos poetas com os outros
sujeitos na situação da cantoria. O elemento central da cantoria é a disputa
entre dois cantadores, que se pauta em valores relativos à construção da
masculinidade, e pela qual os poetas constroem sua imagem pessoal e seu
prestígio. O caminho escolhido para a análise dessa arte é a antropologia da
prática, buscando compreender a relação entre ação e estrutura, e a reprodução
das formas da vida social por meio das práticas. Um ponto metodológico
relevante na realização desta pesquisa foi o aprendizado da cantoria como
estratégia etnográfica. Dessa maneira, são abordados o campo social da
cantoria, a diferenciação e a reciprocidade entre cantadores, a formação do
cantador, as habilidades do improviso poético e o ritual da disputa entre
cantadores.
Para acessar a tese na íntegra: https://livros01.livrosgratis.com.br/cp110987.pdf
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