O chamamé ou chamame, é um estilo
musical e dança que tem por origem a tribo indígena Kaiguá, que fica na região
fronteiriça entre o Brasil e Argentina, na província de Corrientes. Também era
conhecida como Polkakirei, que seria uma polquinha tocada e dançada mais
rapidamente. Por isso há quem defenda que o nome desse estilo deveria ser
chamado de polca correntina.
E o engraçado é que a
palavra chamame ela não é nem guarani, nem espanhola e nem tradução direta para
o português. E não há nenhum registro etimológico que possa comprovar a origem,
porém temos duas possíveis origem para o termo.
A primeira vem da frase
“Che amoa memé”, que significa “te protejo” e a segunda é que o termo quer
dizer “improvisação”. Porém, nenhuma delas pode ser comprovada.
Na Argentina, tem também o
significado de “senhora, ama-me”. Já aqui pro lado ocidental, tem o significado
de chamamento, aprochego, vem cá dançar.
Quero trazer aqui também as
versões apresentadas no livro Generos Musicais Campeiros no Rio Grande do Sul,
de Silvio de Oliveira e Valdir Verona, livro qual O Canal do Ross me mandou. Mil
gracias, che.
Existem 4 hipóteses
teóricas sobre a origem do chamamé. A primeira é o chamame ser uma polca
acordeonizada. A segunda é o chamame é música guarani. A terceira é o chamame
descende da música jesuítica. E a quarta é que é uma descendência da música
hispano-peruana, onde trouxeram elementos locais acrescidos as musicas
europeias, como as polcas e mazurcas.
No Brasil, o chamame ele
não é apenas dançado pela gauchada, também tem forte presença no Mato Grosso,
mas é um pouco diferente, pois se aproxima mais das polcas paraguaias e
guarânias.
Talvez o chamamé seja um
dos ritmos que mais representa a América do Sul, justamente por ser mais
abrangente. Podemos dizer que ele foi muito difundido pelas águas do Rio Paraná
e do Rio Uruguai.
O modo de dançar o chamame
no Brasil e na Argentina é um pouco diferente. Aqui nós dançamos mais
compassado, quase num estilo valseado. Já na argentina o passo é bem marcado e
tem até uns sapateio e improviso no meio da dança. Dá só uma mirada nesses
vídeos de 2 casais dançando.
Porém é na Argentina que o
chamamé é mais celebrado, inclusive todo o ano, no mês de janeiro, acontece a
Fiesta Nacional del Chamame, justamente na cidade de Corrientes.
É um baita evento, onde se
apresentam artistas argentinos e também do Rio Grande do Sul. Já se
apresentaram por lá Jorge Guedes e Família, Lucio Yanel, Renato Borghetti,
Shana Muller, Os Fagundes, Juliano Javosky, Yamandu Costa e é claro o nosso
embaixador e maior nome do chamamé gaúcho: Luiz Carlos Borges.
Tem um ditado argentino que
fala que não se interrompe um por nada, só por um sapucay. Essa é uma palavra
que a gente usa muito e vem do guarani, que quer dizer grito da alma.
Como grandes precursores do
chamame, a gente pode citar Isaco Albitol, compositor de La Calandria. Tránsito
Cocomarola, compositor de Kilometro 11, Ernesto Montiel compositor de La
Ratonera, Tarrago-Ros, compositor de Camino del Arenal e seu filho Antonio
Tarrago-Ros, compositor de Maria Va.
Ah… e o chamame ele é
tradicionalmente tocado por um par de violões e por uma gaita, geralmente uma
gaita de botão ou um bandoneon.
Por um tempo, o chamamé
meio que chegou a ser proibido no Rio Grande do Sul, alguns festivais, como a
Califórnia não aceitava músicas nesse ritmo, por ser considerado um estilo
musical ‘estrangeiro’, porém ele não deixou de ser tocado, dançado, ouvido e
cantado.
E o Luiz Carlos Borges
disse a uma entrevista pro Zero Hora: O chamamé está cada vez mais
abrasileirado. Ele está tão aculturado que não tem mais o que ser mexido. Para
mim, o chamamé não precisa de autorização. Ele já está autorizado há muito
tempo.
Aí que entra um baita causo
do Luiz Carlos Borges e o chamamé. Ele conta, nessa entrevista mesmo, que
sempre ouvia muito rádio com seu pai, quando ouviu o chamame pela primeira vez
aquilo mexeu com ele e decidiu, ainda criança que queria ser gaiteiro. E a gente
e toda a cultura gaúcha agradece a isso.
Anos mais tarde, no final
dos anos 60, aos 16 anos o vivente resolveu fugir de casa pra ir pra Argentina
em um festival de chamamé na cidade de San Ignacio, provincia de Missiones,
Argentina. Lá ele ia se encontrar com um de seus ídolos, o Ernesto Montiel, aí
diz que ele tocou uma marca pro Montiel e quando terminou ele: Este brasileiro
está autorizado a tocar chamamé! Mazaaaaa!
E de lá pra cá, o Luiz
Carlos Borges nunca mais parou de fazer chamamés de fundamento como: Soy el
chamamé, Baile de Fronteira, Florencio Guerra e Seu Cavalo, Na chama do
chamamé, Tropa Osso, Chamamecero, Missioneira, De véio pra véio e uma das
minhas preferias: mi hijo me ha pedido um chamame.
Hoje o chamamé é um dos
ritmos preferidos da gauchada dançar nos bailes. Tem alguns chamamés que eu
considero inesquecíveis e que todo o baile tem que tocar: Vou puxar 6 de
cabeça: Gritos de Liberdade do Grupo Rodeio. O Vento e Gineteando um chamamé,
dos Serranos. Batendo água, do Luiz Marenco. Louco por chamamé, do Luiz Bastos.
Barranca e Fronteira, do Leopoldo Rassier.
Ah… e todos essas musicas
que eu citei aqui, eu juntei numa playlist e deixei fixada nos comentários.
Caso tenha mais marcas buenas que eu não mencionei, prende o grito aqui nos
comentários que eu vou acrescentando.
Link para a playlist Chamamés Inesquecíveis: https://www.youtube.com/watch?v=ZR0NQ0UAAaw&list=PLPDcNzaG7ssaaSe6qFdunCf0N6T5Jze_r
Vídeo e texto extraídos de: https://linhacampeira.com/a-origem-do-chamame/
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