O Curupira é caracterizado como uma entidade das matas que se manifesta na forma de um menino de cabelos compridos e vermelhos cuja característica principal são os pés virados para trás.[1]
Etimologia
Os termos "curupiral" e "curupira" procedem
do tupi kuru'pir, que significa "o
coberto de pústulas"[2].
Segundo o folclorista ítalo-brasileiro Ermanno
Stradelli, procedem de curu, contração de corumi,
"menino", e pira, "corpo", significando, então,
"corpo de menino". Já segundo Eduardo
Navarro, especialista em tupi antigo, o termo se origina da
contração entre kuruba, "sarna" ou "verruga",
e pira, "pele", significando, portanto, "pele de
sarna" ou "pele de verrugas".[3]
História
Um dos mais populares e espantosos entes fantásticos das matas
brasileiras, o curupira é um anão de cabeleira ruiva, pés ao inverso,
calcanhares para a frente. A mais antiga menção de seu nome é de José de Anchieta, em São Vicente, em 30 de maio de 1560:
É cousa sabida e pela bôca de todos corre que ha
certos demonios, a que os Brasis chamam corupira, que acometem aos
Indios muitas vezes no mato, dão-lhes de
açoites, machucam-os e matam-os. São testemunhas disto os nossos
Irmãos, que viram algumas vezes os mortos por eles. Por isso, costumam os
Indios deixar em certo caminho, que por asperas brenhas vai ter ao
interior das terras, no cume da mais alta montanha, quando por cá passam, penas
de aves, abanadores, flechas e outras cousas semelhantes como uma especie de
oblação, rogando fervorosamente aos curupiras que não lhes façam mal.[4]
Demônio da floresta, explicador dos rumores misteriosos, do
desaparecimento de caçadores, do esquecimento de caminhos, de pavores súbitos,
inexplicáveis, foi lentamente o Curupira recebendo atributos e formas físicas
que pertenciam a outros entes ameaçadores e perdidos na antiguidade clássica. Sempre com os pés
voltados para trás e de prodigiosa força física, engana caçadores e viajantes,
fazendo-os perder o rumo certo, transviando-os dentro da floresta, com assobios
e sinais falsos.
Do Maranhão para o sul até o Espírito
Santo, seu apelido constante é Caipora. Eduardo Galvão informa:
"Curupira é um gênio da floresta. Na cidade ou nas capoeiras de sua
vizinhança imediata não existem currupiras. Habitam mais para longe, muito
dentro da mata. A gente da cidade acredita em sua existência, mas ela não é
motivo de preocupação porque os currupiras não gostam de locais muito
habitados."
"Gostam imensamente de fumo e de pinga. Seringueiros e roceiros
deixam esses presentes nas trilhas que atravessam, de modo a agradá-los ou pelo
menos distraí-los. Na mata, os gritos longos e estridentes dos Currupiras são
muitas vezes ouvidos pelo caboclo. Também imitam a voz humana, num grito de
chamada, para atrair vítimas. O inocente que ouve os gritos e não se apercebe
que é um Currupira e dele se aproxima perde inteiramente a noção de rumo."
O estado de São Paulo, pela lei de 11 de
setembro de 1970, assinada pelo governador Roberto Costa de Abreu Sodré,
"institui o Curupira como símbolo estadual do guardião das florestas e dos
animais que nela vivem." No município de Olímpia, nesse estado, por mais trinta anos
consecutivos, não são assinados quaisquer documentos oficiais durante a semana
em que ocorre o Festival de Folclore, no mês de agosto, período em que a
autoridade municipal é representada pelo Curupira, que exerce seu poder
protegendo a população local e os visitantes que ali comparecem, pássaros,
matas, etc. No Horto Florestal da capital paulista
há um monumento ao Curupira, inaugurado no Dia da Árvore, 21 de
setembro.
Instituto Butantan. «Conheça a história do curupira, o defensor das árvores e dos animais». Consultado em 30 de Junho de 2022
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