terça-feira, 29 de junho de 2021

Barro e Balaio


Barro & Balaio é um retrato contemporâneo das técnicas populares e tradicionais que fazem o nosso artesanato. É um amplo olhar sobre o Brasil e sua diversidade étnica e cultural. O livro reúne, nos seus mais de 1.800 verbetes, um acervo de representação nacional, com exemplos que caracterizam a invenção brasileira. Indicado para estudantes e profissionais da área de design, moda, arquitetura, gastronomia, fotografia, e também professores e demais interessados no artesanato que é símbolo de identidade, patrimônio e pertencimento. O livro é uma viagem à forma, ao volume, ao traço, à textura, à cor brasileira. É um livro dedicado aqueles que gostam do Brasil.


Dicionário do Dialeto Rural no Vale do Jequitinhonha - Minas Gerais

 

Este livro apresenta resultados de uma pesquisa desenvolvida a partir de informações linguísticas, históricas, sociais e, principalmente, de um intenso conhecimento do Vale do Jequitinhonha. Por reunir o linguístico e o extra-linguístico, atitudes pragmáticas, contextos e exemplificações, revela caminhos que conduzem professores, estudantes, profissionais diversos e o cidadão comum à variante rural, à Língua Portuguesa e à cultura de Minas Gerais e do Brasil. Assim sendo, o ´Dicionário do dialeto rural no Vale do Jequitinhonha´ se configura como uma amostragem da região, o que indica um dos traços mais marcantes de sua composição - dar existência escritural à fala.




EM...CANTO: Solos de Viola Caipira

Juiz de Fora e o "ouro verde"

O período de maior crescimento de cidades, em toda a História do Brasil, corresponde à época do ouro em Minas Gerais, no início do século XVIII. Antes, era difícil a criação de uma rede urbana, pois havia restrito comércio colonial, uma pequena vida cultural e grandes dificuldades de comunicação e transporte entre as pessoas. 


Por volta do ano de 1703, foi construída uma passagem de circulação chamada "Caminho Novo"² a qual localizava-se à margem esquerda do rio Paraibuna, nada existia do lado direito do rio, somente mata fechada.

Garcia Paes Leme foi quem conseguiu, com sucesso, cumprir a difícil tarefa de abrir esta passagem a qual ligava a região das minas ao Rio de Janeiro, facilitando o transporte do ouro e evitando que este fosse contrabandeado e transportado por outros caminhos sem o pagamento dos altos tributos, que incidiam sobre toda extração. A abertura desse caminho contribuiu assim para que surgisse o povoado de Santo Antônio do Paraibuna. Mais tarde o povoado se tornaria a cidade de Juiz de Fora.

Às margens do Rio Paraibuna surgiram diversos ranchos, hospedarias e postos oficiais de registro e fiscalização de ouro, que era transportado em lombos de mulas. Em torno deles, aos poucos, criaram-se roças e povoados que na Zona da Mata mineira, deram origem a cidades como Borda do Campo (Barbacena), João Gomes (Santos Dumont) e Santo Antônio do Paraibuna (Juiz de Fora). 

O Caminho Novo passava pela Zona da Mata Mineira e, desta forma, permitiu maior circulação de pessoas pela região, que, anteriormente, era formada de mata fechada, habitada por poucos índios das tribos Coroados e Puris.

Às suas margens surgiram diversos postos oficiais de registro e fiscalização de ouro, que era transportado em lombos de mulas, dando origem às cidades de Barbacena e Matias Barbosa. Outros pequenos povoados foram surgindo em função de hospedarias e armazéns, ao longo do caminho, como o Santo Antônio do Paraibuna, que daria origem, posteriormente, à cidade de Juiz de Fora.

Nesta época, o Império passa a distribuir terras na região, para pessoas de origem nobre, denominada sesmarias, facilitando o povoamento e a formação de fazendas que, mais tarde, se especializariam na produção de café. Em 1853, a Vila de Santo Antônio do Paraibuna é elevada à categoria de cidade e, em 1865, ganha o nome de cidade do Juiz de Fora.

Este nome tão característico - Juiz de Fora - gera muitas dúvidas quanto a sua origem. Na verdade, o Juiz de Fora era um magistrado, do tempo colonial, nomeado pela Coroa Portuguesa, para atuar onde não havia Juiz de Direito. 

Alguns estudos indicam que um Juiz de Fora esteve de passagem na região e hospedou-se por algum tempo numa fazenda e que, mais tarde, próximo a ela, surgiria o povoado de Santo Antônio do Paraibuna.

Casa em que morou o "juiz de Fora"

Até 1808 Santo Antônio do Paraibuna não havia se desenvolvido. Nesta época, o Império passa a distribuir terras (sesmarias) na região para pessoas de origem nobre, facilitando o povoamento e a formação de fazendas que, mais tarde, se especializariam na produção de café.

Em 1850, as terras ao longo do rio Paraibuna (Santo Antônio do Paraibuna) foram elevadas à categoria de vila, emancipando-se de Barbacena e formando um município. A elevação à categoria de cidade ocorreu quinze anos depois, quando foi adotada a denominação de Juiz de Fora. 

O príncipe D. João VI, após ter recebido de Moçambique grande quantidade de sementes e mudas de café, convocou ao palácio real nobres, sesmeiros e proprietários da extensa região agrária, estimulando-os ao cultivo da rubiácea.

Nos remetendo à vila de Santo Antônio do Paraibuna, entre os convocados de sua majestade, estava o coronel de Milícias José Inácio Nogueira da Gama, possivelmente o maior latifundiário da região, proprietário da fazenda São Matheus.

O Cel. fez canteiros de café em sua fazenda e obteve grande sucesso, chegando a ter 22 anos mais tarde, 400 mil pés da planta. Localizada a 16 Km do centro da atual Juiz de fora a fazenda São Mateus é, provavelmente, a mais conhecida da região. Sua construção data o final do século XVIII. 

Confirmando o narrado na 1° parte, percebemos a vantagem da vinda de D. João VI ao Brasil, já que contribuiu para o desenvolvimento da região do Caminho Novo dos Campos das Gerais, tornando esta área, em pouco tempo, num dos pontos da mais alta importância política, econômica, cultural e social do centro sul do Brasil.

Santo Antônio do Paraibuna passa a vivenciar um processo de grande desenvolvimento econômico proporcionado pela agricultura cafeeira que se expandia pela Zona da Mata Mineira, dando origem a formação de outras várias fazendas.

Fato curioso é que para trabalhar no cultivo cafeeiro necessitava-se da mão de obra escrava e em Santo Antônio do Paraibuna por volta de 1855 existiam mais escravos que homens livres (quatro mil escravos para dois mil homens livres), numa média de cem escravos por fazenda. Em Minas Gerais se destacavam Santo Antônio do Paraibuna (Juiz de fora) e Leopoldina pela quantidade de escravos.

Outras fazendas ganharam destaque na região como: as fazendas Ribeirão das Rosas, Matosinhos, da Tapera, do Montebelo, da Cachoeira, Vista Alegre, Palmital, São Fidélis e a fazenda Passo da Pátria atualmente uma das poucas que recebem visitação. Localizada na Estrada Juiz de Fora-Bicas, BR 267 a aproximadamente 16 km do centro de Juiz de Fora.

Se destacou como grande produtora de café, sua construção é da segunda metade do século XVIII e ainda se mantém 100% original. Na senzala ficava um tronco utilizado para punir os escravos desobedientes, o gozado é que este tronco ficava logo abaixo da capela, em cima as pessoas rezavam e embaixo as mesmas maltratavam. A sede é cercada de muita terra e um grande terreiro de secagem de café. Mais de cem homens já trabalharam no local que, nos tempos áureos, tinha também um despolpador e um enorme galpão de armazenagem. Anualmente eram colhidas cerca de 14 a 20 mil arrobas de café.

Segundo a proprietária do local, engenheiros analisaram a fazenda e verificaram que os erros de construção são aceitos na engenharia dos tempos modernos. Interessante como conseguiram fazer uma construção bem feita se naqueles tempos não havia a tecnologia avançada!

Hoje como há 200 anos atrás pelo menos uma vez no mês a sede é aberta para a celebração de uma missa que reúne a comunidade local.

Na fazenda existe uma cachoeira chamada "Marimbondo", segundo a proprietária, no local havia muitos marimbondos, já que no passado a cachoeira era cercada por mata fechada. Atualmente a cachoeira por si só atrai visitantes.

Cabe destacar outras fazendas históricas do município, como a Fazenda Floresta e a fazenda Ribeirão das Rosas. Esta última erguida em 1752 pela família do inconfidente Domingos Fidal Barbosa, a segunda construção de Juiz de fora foi destaque na produção de café. A casa já abrigou D. Pedro I em suas viagens pelo Caminho Novo e serviu também como posto fiscal de ouro. Dizem que a estrada passava por debaixo da sede. O prédio é administrado pelo exército desde 1957 e foi tombado em 2001. Localiza-se na Estrada Ribeirão das Rosas, no bairro Barbosa Lage.

Já a Fazenda Floresta está, há mais de 150 anos nas mãos da família Assis. A sede começou a ser construída em 1850. A fazenda por muitos anos esteve voltada para a produção cafeeira. Na mesma época na fazenda se encontrava uma fábrica têxtil, construída por Teodorico de Assis.

Centenas de colonos, divididos entre as 160 casas ao longo da fazenda, se dividiam na produção de tecido. Ainda se encontram no local a antiga senzala, algumas das casas dos colonos e a tulha, onde era armazenado o café. Os terreiros de secagem também foram mantidos. No local encontra-se também em perfeito estado de conservação, uma máquina debulhadora de café datada de 1910. A fazenda Floresta foi visitada por pessoas ilustre entre elas o ex-presidente Getúlio Vargas e o ex-governador de Minas Gerais Olegário Maciel, em 1930.

Com o apogeu do café, a região de Santo Antônio do Paraibuna se desenvolveu a tal ponto que o primitivo Caminho Novo – que era um "arrastão" – precisava ser substituído por estradas de rodagem. O lombo de burro devia dar lugar a carros de transporte. 

Nesse sentido iniciou-se a estrada de rodagem "Estrada do Paraibuna", atual Avenida Barão do Rio Branco, cujo projeto é datado de 1836, sendo construída pelo engenheiro Henrique Fernando Halfeld, em convênio com o governo da província. Até o estabelecimento do contrato e o início da abertura da Estrada do Paraibuna. Nada existia do lado direito do rio Paraibuna, tudo se localizava no lado esquerdo, o lado do Morro da Boiada, hoje bairro Santo Antônio.

Avenida Rio Branco em 1928

Menos de trinta anos depois, com o objetivo de facilitar o escoamento do café, assim como o transporte de passageiros, foi inaugurada a estrada de rodagem União Indústria, em 1861. O evento contou com a presença de D. Pedro II e sua família, entre outros membros do governo imperial. 

Por iniciativa de Mariano Procópio, esta considerada a primeira via de transporte rodoviário do Brasil foi construída com o aproveitamento de vários trechos da Estrada do Paraibuna. Mariano Procópio construiu desvio do centro da cidade, ao atingir o largo do Riachuelo, mudando o rumo da estrada, traçando uma reta de 1km, hoje a Avenida Getúlio Vargas.

A Estrada União Indústria, possui 144 Km de Petrópolis a Juiz de fora, objetivou-se também encurtar a viagem entre a corte e a província de Minas. Para sua construção foram contratados engenheiros e técnicos alemães. Para essas pessoas, Mariano cria um núcleo colonial voltado para a produção de gêneros agrícolas, dando origem a colônia dom Pedro II, composta por 1162 imigrantes alemães. Essa colônia não conseguiu se manter por muito tempo, levando muitos colonos a abandonar suas terras e irem em direção à cidade, afim de trabalharem nas indústrias. 



Pouco tempo depois a cidade conheceria um tipo de transporte que começava a ser implantado país afora, o transporte ferroviário.



¹ O início do desenvolvimento do município de Juiz de fora se deu com a produção do café (ouro verde). 
² O caminho velho ligava a região das minas à Parati.



Fonte:
http://www.jfminas.com.br/portal/historia/juiz-de-fora-e-seu-desenvolvimento-com-o-ouro-verde
http://www.acessa.com/turismo/arquivo/pontosturisticos/2006/11/10-cidade/historia.php
Fonte das Figuras:
http://www.acessa.com/turismo/arquivo/pontosturisticos/2006/11/10-cidade/historia.php
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Avenida_Rio_Branco,_Juiz_de_Fora_(1928).JPG
http://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2014/07/ufjf-recebe-exposicao-sobre-estrada-uniao-e-industria.html


História do Café

 

Este delicioso livro narra a trajetória de aventura e ousadia da mais saborosa e conhecida bebida negra em todo o mundo: o café. Desde sua descoberta, a Coffea arabica traçou novas rotas comerciais, criou espaços de sociabilidades até então inexistentes, estimulou movimentos revolucionários, inspirou a literatura e a música, desafiou monopólios consagrados e tornou-se o elixir do mundo moderno, consolidando as cafeterias como referência de convívio, debate e lazer. Com charme, elegância e bom humor, a historiadora Ana Luiza Martins conta a trajetória do café, das origens como planta exótica no Oriente à transformação em produto de consumo internacional. A autora analisa também como o café no Brasil transformou-se na semente que veio para ficar e marcar a nossa história. Mais do que uma atitude simpática de bom anfitrião, oferecer um café é proporcionar uma das mais prestigiosas formas de convívio social que nos é dado a conhecer. Um simples gole dessa bebida torna você, leitor, parte de uma imensa cadeia de produção, embalada em muita aventura e ousadia. Venha tomar uma xícara com a gente.


Geografia histórica do café no Vale do Rio Paraíba do Sul


Geografia histórica do café no Vale do Rio Paraíba do Sul traz reflexões, estudos e propostas de revitalização e sustentabilidade para a região do Vale do Paraíba. A obra percorre a história da passagem do café pelo Vale do Rio Paraíba mostrando tanto o olhar geográfico e histórico ambiental quanto os custos ecológicos e sociais acarretados no período.

O livro é fruto da disciplina Ecologia Histórica do café, ministrada no Programa de Pós-Graduação em Geografia da PUC-Rio. Nela foram feitos vários trabalhos de campo, sendo São José do Barreiro (interior de São Paulo) o verdadeiro centro de operações, onde foi observada a relação da região com o passado, em todas as suas dimensões.
A obra é organizada em quatro partes. A primeira é teórico-metodológica e apresenta alguns embasamentos para os estudos da paisagem. A segunda ocupa-se também da paisagem, mas leva em consideração, principalmente, a presença do café no século XIX. A terceira trata do paleoterritório do café, enfocando resultantes e perspectivas frente a um passado que desconsiderou os alicerces sociais e ecológicos desse empreendimento. Já a quarta e última parte apresenta propostas concretas para a realidade do Vale do Paraíba.

Pequena História do Café no Brasil

 


A obra de Afonso Taunay é, talvez, uma das mais volumosas da nossa tradição historiográfica. Seus textos mais famosos – História das Bandeiras Paulistas e História do Café no Brasil – totalizam mais de 20 volumes. Foi na década de 1920, durante as comemorações do bicentenário da introdução do café no Brasil, que o então diretor do Departamento Nacional do Café, Armando Vidal, pediu a Taunay para escrever uma história do café no país. Atendendo ao pedido, Taunay publicou em 1934 um pequeno livro chamado A propagação da cultura cafeeira, a que se seguiu a publicação, em 15 volumes, entre 1939 e 1943, da História do café no Brasil. Seguiu-se, por fim, a Pequena história do café no Brasil, obra desta coleção, que é uma síntese do conjunto maior.

Para acessar o livro na íntegra: https://fundar.org.br/public/bbb/livros/48

Império do café - A grande lavoura no Brasil 1850 a 1890

 


Neste volume da coleção História do Brasil em Documentos, cuja proposta parte da reprodução comentada de documentos de época - textos oficiais, cartas, letras de música, artigos de jornal e fotos, entre outros - para expor temas relevantes da vida brasileira com a máxima fidelidade, trata da introdução da cultura cafeeira no Brasil e suas consequências. A passagem do trabalho escravo para o trabalho livre; a queda da monarquia. As ferrovias e o desenvolvimento das cidades e das regiões cafeeiras. Documentos de fazendeiros, colonos e cronistas estrangeiros.





segunda-feira, 28 de junho de 2021

A terminologia do carro de boi no vocabulário rural de Passos/Minas Gerais


O presente trabalho teve como objetivo a apresentação da terminologia do carro de boi presente no vocabulário rural do município de Passos, que se localiza na mesorregião sul/sudoeste de Minas Gerais. A proposta, desta análise, foi mostrar que os estudos terminológicos apontam estreita relação entre o homem, a cultura e o  ambiente em que se inserem. Os resultados obtidos por meio da pesquisa evidenciaram aspectos históricos, sociais e culturais da região, destacando a importância do carro de boi na cultura e economia do município pesquisado.

Parra acessar o artigo na integral: https://revista.uemg.br/index.php/praxys/article/view/2650

No tempo do carro de boi

 

“Com o marchar dos anos a felicidade surge no olhar para trás, no cobrir o passado com a memória.” (Nelson Palma Travassos, no livroo “Quando eu era menino...”)


Sob o chiado dos carros de bois: a historiografia de Bernardino José de Souza

 
Pintura de Alfredo Volpi

O autor do livro Ciclo do carro de Bois no Brasil, Bernardino José de Souza faz algumas perguntas a se próprio a respeito do porque sentir uma imensa vontade de pesquisar tanto em muitas localidades, com muitas pessoas, usando alguns métodos para montar um trabalho falando a respeito de um veículo tão rústico e modesto, tão comum e primitivo instrumento de trabalho, tão lento, porém tão utilizado e que este seria por ele descrito em todos os aspectos materiais, mostrando suas origens, seus acessórios, as modificações, suas utilidades, os serviços prestados à riqueza e ao desenvolvimento desse nosso país em diversas localidades.


EM...CANTO: Marcolino (MG - DP) - Pena Branca e Inezita Barroso

Carro de boi cantando... Som da alma...

Tropeiro em Mariana Oitocentista

 

Minas Gerais, por se localizar distante do litoral e por possuir rios nem sempre navegáveis, dependeu durante muito tempo deste meio de transporte: os tropeiros. Desde o início da colonização mineira, as lavras exigiram a consolidação de grupos de mercadores especializados no comércio interiorano. Inicialmente – conforme pioneiramente mostrou Sérgio Buarque de Holanda no clássico Caminhos e fronteiras –, ferramentas, alimentos e outros bens eram transportados através de braço indígena, escravo de sertanistas paulistas. Por volta de 1730, essa situação começa a mudar. Aos poucos, os tropeiros – inicialmente denominados como homens do caminho, tratantes ou viandantes – tornam-se fundamentais no abastecimento mineiro.



O canto do Carro de Boi: A roça e suas mágicas...


Em Miraí MG encontramos com um carro de boi que canta em tons diferentes.


EM...CANTO: Tropeiro (MG - DP) - Trovadores do Vale


Você me chama eu tropeiro 
E eu não sou tropeiro não 
Sou arrieiro da tropa, Marcolino
O tropeiro é meu patrão.

Menina suspenda a saia 
Moda n'água não barrar 
Que a renda custou dinheiro, Marcolino 
Dinheiro custou ganhar

Em cima daquela serra 
Tem um velho gaioleiro 
Quando vê moça bonita, Marcolino
Faz gaiola sem ponteiro

Passarinho que tanto canta 
No galho de xiquexique 
Cala boca passarinho, Marcolino
Quem se mata morto fica

EM...CANTO: Calix Bento (Folia de Reis MG - DP) - Milton Nascimento

EM...CANTO: Xô meu sabiá (MG - DP) - Grupo A Quatro Vozes

EM...CANTO: Peixinhos Do Mar (Marujada MG - DP) - Milton Nascimento

Tropas e tropeiros na primeira metade do século XIX no alto sertão baiano


Este trabalho analisa a História social da formação do tropeirismo no Alto Sertão baiano, na primeira metade do século XIX, procurando identificar o cotidiano e as relações que se estabeleceram entre os tropeiros no interior da colônia, mais especificamente, os que faziam o roteiro do litoral às cidades do Rio de Contas e Caetité, bem como aqueles que faziam os caminhos por estradas que os levavam das diversas partes do território brasileiro até esta região. Partindo de uma revisão bibliográfica especifica sobre o tema das tropas e dos tropeiros nas regiões do Sul e Sudeste da colônia Brasileira e de uma bibliografia temática em tomo da economia e sociedade da região do Alto Sertão, procuro entender como funcionavam as relações socioeconómicas das tropas nesta região, que teve o ouro como ponto de forte riqueza, além do que a pecuária, a policultura e a produção de algodão, que mantiveram a região em atividade, fazendo a ligação desta com litoral, com as vilas e cidades vizinhas e as províncias mais próximas. Procuro reconstruir o movimento histórico da região através de suas permanências e sutis transformações, marcadas pelo tempo, sobretudo ao que tange a análise de uma economia interna gestora de uma vida interiorana mais independente, de um povo que mesmo colonizado desenvolveu sua autonomia e originalidade. A pesquisa se sustenta na investigação de inventários e testamentos contidos nos Arquivos Públicos da Bahia e Rio de Contas, em depoimentos orais de ex-tropeiros que viajaram pela região do Alto Sertão, nos registros deixados pelos viajantes em seus livros de viagem principalmente Spix e Martius que em viagem pela Bahia passaram pelas vilas de Rio de Contas e Caetité nos ano entre 1817 e 1820, bem como, todo um agrupamento cultural de poesias e obras literárias construídas por artistas que tiveram nas tropas e nos tropeiros a inspiração, que se fez através da memória. Tropeiros de diversas regiões circulavam pelo Alto Sertão e tiveram suas vidas relacionadas com o 6 modo de vida das pessoas destes lugares como fazendeiros, comerciantes, mineradores, etc. Para isso ao invés do enfoque usual de considerar o tropeirismo como sistema de comércio ou transporte, entendemos ser necessário encará-lo em sua totalidade de sistema de produção, desde a criação de animais na fonte, até as fases posteriores do processo de divisão do trabalho, o que era um aspecto bastante interessante dentro do contexto da economia colonial. No tropeirismo as relações sociais de liberdade e escravidão vão se portar com algumas peculiaridades comparando-se com as regiões do recôncavo e do litoral, porque os tropeiros nas viagens dividiam as delícias e as dores do caminho, bebiam da mesma caneca trocavam experiências e contavam estórias com os camaradas, tocadores, arrieiros e cozinheiros sendo eles escravos ou homens livres. Segue-se o estudo do movimento histórico das tropas e dos tropeiros no Alto Sertão evidenciando as permanências culturais destes personagens históricos através do tempo, como grandes interlocutores do litoral com o interior e do interior com ele mesmo.

Para acessar a dissertação na íntegra: 


Tropas e tropeiros na Formação do Brasil

 


Raridade!



Tropeiros Ranchos Tropas de Lorena

 

O que era para ser apenas uma disciplina tornou-se um livro recém-lançado, chamado “Tropeiros Ranchos Tropas de Lorena-Uma nova valorização cultural”. A publicação de 57 páginas traça a trajetória desses guerreiros da história, além de ser a perpetuação dos relatos do pai, Sebastião José de Amorim, falecido em 2017, aos 69 anos.
Foram usadas como estudo de caso fazendas localizadas entre Piquete (SP) e Marmelópolis (MG) onde ainda há muita história de tropeiro evidente por meio de produtos e outros costumes (queima de alho, mulas, arreamento).
“Transmito através dessa obra um novo olhar sobre o tempo das tropeadas, buscando os detalhes, valorizando o dia a dia, os afazeres, ou seja, todos os cabedais do tropeiro”, afirma o autor.
Sérgio também destaca a importância e apoio dos Professores Sodero, Davi e Tadeu Miranda neste processo de construção da obra. Também destaca em seu livro a gratidão ao vale por poder ser palco de uma história tão rica, que é a dos tropeiros.
 
“Os tropeiros contribuíram para o progresso da região durante vários séculos. Tudo foi transportado no lombo dos muares: panos para roupa, móveis, utensílios em geral, máquinas, ferramentas, etc. Também através deles vieram novos ofícios, a religião, a linguagem, a música entre outras coisas”, enfatiza Sérgio.

SINOPSE DE LIVRO: Dicionário crítico Câmara Cascudo

 

Toda a obra do mais importante pensador da cultura popular brasileira é aqui comentada por renomados estudiosos, configurando um extenso painel - crítico e documental - das idéias e dos temas de Câmara Cascudo. Luís da Câmara Cascudo, se era uma personalidade no seu nordeste natal, hoje é objeto de admiração em todo o Brasil. Este Dicionário Crítico Câmara Cascudo organizado por Marcos Silva é um conjunto de verbetes, que dá conta do universo cascudiano (literatura, cultura popular, história popular, religião, geografia etc.), escritos por especialistas que vão construindo essa face multifacetada da cultura brasileira das tradições antigas e mais recentes. Um dicionário especial e indispensável aos amantes das fontes mais preciosas dos saberes brasileiros. 

Tropeirismo - Platino-Peruano & Platino-Brasileiro

 

O papel do tropeirismo na vida colonial brasileira foi extremamente significativo, e até essencial, seja pelos seus aspectos de integração territorial na fundação de vilas e cidades, seja pelo seu aspecto cultural. Podemos, também, destacar o seu papel como um sistema de transporte e escoamento de produção eficaz, inclusive em relação ao abastecimento, que viabilizou os ciclos econômicos, mais especificamente o do ouro em Minas Gerais.O Professor e Pesquisador Francisco Filipak, membro da Academia Paranaense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, nos traz um preciso e precioso estudo sobre a revolução que o tropeirismo proporcionou no desenvolvimento econômico do Brasil, e vai buscar as suas raízes platinas. Antes, decifra o modo de vida do tropeiro, seus usos e costumes. Mostra-nos a evolução da linguagem tropeira, seus topônimos e vocábulos característicos. Explica-nos sobre muares, onagros, asnos, burros, jumentos, lhamas, alpacas, vicunhas.. Apresenta-nos os grandes tropeiros platino-peruanos e platino-brasileiros e sua importância histórica. Fala-nos sobre biribas, sobre a prata do Potosi, sobre eldorados e paiquerês e muito mais.Obra entusiasmante e de leitura agradável e acessível. Este livro estabelece uma nova perspectiva no olhar sobre o tropeirismo e sua relevância histórica e sociológica na formação da identidade sul-brasileira. Trabalho metodologicamente correto, representa uma confiável fonte de pesquisa para todos que quiserem estudar sobre o tropeirismo. Imprescindível. 

Atlas das Representações Literárias de Regiões Brasileiras: Costa Brasileira - Volume 4


Atlas das Representações Literárias de Regiões Brasileiras: Sertões Brasileiros II - Volume 3

 


Atlas das Representações Literárias de Regiões Brasileiras: Sertões Brasileiros I - Volume 2

 


Atlas das Representações Literárias de Regiões Brasileiras: Brasil Meridional - Volume 1


Para acessar o livro na íntegra: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv80931_v1.pdf

Entre a mobilidade e a fixação da paisagem sertão

 

Como expoente desse pressuposto, a literatura de Hugo de Carvalho Ramos (1998) - que tem em Tropas e Boiadas um marco referencial de experienciação ou apropriação narrativa do interior brasileiro - expõe alguns dos elementos eleitos para assentar a dramaticidade no sertão, os quais também são encontrados na maioria das obras emergentes da temática regionalista ligada ao Brasil-interior. Muares, ranchos, pousos e sertanejos concedem ritmo ao trabalho pela coordenação do transporte das cargas, emparelhando dinâmicas mercantis à “prosperidade do sertão”.






(Re)significações culturais no mundo rural mineiro: o carro de boi - do trabalho ao festar (1950-2000)


Este artigo versa sobre a reinvenção de uma das atividades de trabalho mais comuns ao mundo rural do interior de Minas Gerais. Nesse cenário, o carro de bois era parte integrante de uma economia de subsistência, cujas relações sociais eram mediadas pela interação do homem com a natureza. Na década de 1970, com as transformações econômicas, quando o cerrado torna-se terras produtivas em grãos para exportação, o carro de bois é celebrado em festa popular e as práticas sociais em seu entorno são (re)figuradas, (re)significando sociabilidades e memórias de um tempo que não mais existe.



O Tropeiro como propagador cultural e mola mestra da cultura cafeeira no século XIX

Acervo Museu do Tropeiro - Ipoema/MG

O papel do tropeiro, no século XIX, pode ser visto como a síntese entre dois fatores: tecnologia rudimentar e grande empreendimento mercantil, pois, devido ao traçado das estradas que conectavam o litoral ao interior do Brasil – mal conservadas, extremamente estreitas e sinuosas –, apenas a mula de carga reunia condições de trafegar pelos tortuosos caminhos que serviam ao escoamento da produção cafeeira para os portos, de onde seguiam para os mercados consumidores no exterior.

Para acessar o artigo na íntegra: 


Rancho Grande dos Tropeiros - Óleo de Benedito Calixto

Caminho das Tropas: A Importância da preservação histórica e cultural como meio de preservação ambiental no Vale do Paraíba

 

O tropeirismo tem uma grande importância histórica e foi responsável pelo desenvolvimento das cidades da região do Vale do Paraíba e até hoje exerce forte influência. O presente estudo teve por finalidade investigar as trilhas conhecidas como Caminho das Tropas, realizando um reconhecimento do trajeto nos locais que foram demarcados por tropas a partir do século XVII na região do Vale do Paraíba, observando os impactos ambientais que foram ocasionados pelo desenvolvimento da região, procurando desenvolver futuros projetos turísticos e a formatação de novos produtos. Tomou-se como modelo de estudo o Projeto Estrada Real, desenvolvido no Estado de Minas Gerais. Foi uma pesquisa exploratória, desenvolvida por meio de pesquisa documental e levantamento in loco, para demarcação do Caminho das Tropas. O trabalho se inicia com a história de tropeirismo no Brasil e no Vale do Paraíba, mostrando sua importância no processo de colonização de novas terras e do comércio. Traça, em seguida, o perfil do Projeto Estrada Real e os caminhos que a compõem e um paralelo da importância histórica entre a Estrada Real e o Caminho das Tropas, salientando o turismo na região e a implementação de novos produtos, da exploração turística, do turismo rural e da questão da sustentabilidade. O levantamento foi realizado na Rota Serra da Pedra Branca ou Palmital, com 76 km, onde se elaborou o levantamento de novas rotas que poderão ser utilizados em projetos turísticos da região, demarcando pontos turísticos, cavernas, grutas,cachoeiras, com a finalidade de desenvolver o turismo rural e no desenvolvimento de futuros projetos.

Para acessar o artigo na íntegra: 


domingo, 27 de junho de 2021

Tempos e movimentos: uma breve digressão cultural dos carros de bois no território goiano


O objeto deste estudo surgiu das minhas experiências pessoais, inicialmente, na infância pura de menino roceiro, lidando, quase que diariamente, com a carpina de roça, a limpa de Rêgo d’água, a “bateção” de pasto e, sobretudo, como ajudante de carreiro (candieiro). Inicialmente, fi zemos uma leitura da incursão dos carros de bois no território goiano, considerando suas funcionalidades rurais; no transporte de cargas e de pessoas, mais notadamente entre os séculos XVIII e XX. Para tanto, julgamos pertinente uma ligeira abordagem da cultura, uma vez que é a partir dela (da cultura) que o estudo em questão (carro de bois) será amparado e terá ressonância. Pois, conforme Claval e Almeida, é pela cultura que as populações interagem com a natureza, fazem a sua mediação com o mundo e constroem um modo de vida particular. Ela – a cultura – é uma constatação de que o espaço moderno ao negar a tradição, provoca a sua (re) existência numa convergência de conflitos, no mesmo tempo e espaço. E nesse contexto de (re) existência cultural está o exemplo da presença dos carros de bois no território goiano, numa via interpretativa de seus tempos e seus movimentos.

Para acessar o artigo na íntegra:


Os tropeiros encontraram uma atividade lucrativa no lombo de muares

Além de contribuir para o desenvolvimento econômico do Brasil, a atividade dos tropeiros foi lucrativa também para o Império português

Entre o Rio Grande do Sul e Minas Gerais passaram cerca de 12 mil muares por ano entre 1730 e 1897. As tropas seguiam, mas nos caminhos que ficaram conhecidos como a Rota dos Tropeiros muita coisa permaneceu. Ali se formaram famílias, uma gastronomia e cultura típicas e estima-se que nada menos do que mil cidades foram fundadas para dar suporte à nova atividade econômica que se desenvolvia no Brasil. Aos tropeiros, vendia-se galinha em um ponto, milho e mandioca em outro. Consertavam-se ferraduras e, com o passar dos anos, a rota ganhou casas de palha depois transformadas em pequenos vilarejos. Ainda não é possível listar com certeza quais foram os municípios que nasceram do tropeirismo, mas certamente o trabalho que vem sendo feito pelo pesquisador Carlos Solera, autor de dois livros sobre o assunto, vai ajudar, no mínimo, a não deixar esta cultura cair no esquecimento.

O desejo é ousado: Solera quer ver o tropeirismo ser reconhecido pela Unesco como Patrimônio Mundial da Humanidade. Para realizar essa façanha, monta um dossiê sobre o assunto desde 1979 e atualmente conta com o apoio tanto da Universidade de Girona, na Espanha, que tem prática na elaboração da documentação exigida, como do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) do Paraná. O processo ainda não foi protocolado, mas desde que as pesquisas começaram muito já foi descoberto.

MAPA

Quem imagina que o início do caminho dos tropeiros era o Rio Grande do Sul está enganado. Na Biblioteca Nacional existe o que seria o primeiro mapa da Rota dos Tropeiros e esse documento indica que foi entre as cidades catarinenses de Laguna e Araranguá, exatamente no Morro dos Con­ventos, que tudo começou (veja mapa ao lado). O traçado original inicia em Laguna e termina em São Luis do Purunã – o caminho até Sorocaba (SP) já existia, assim como o trajeto até Ouro Preto (MG). Parte do trabalho dos tropeiros foi facilitada ainda porque eles fizeram uso de trilhas indígenas para criar a rota.
As explorações da rota se deram por volta de 1728, e em 1730 partiu de Laguna a primeira tropa com muares rumo a Ouro Preto (MG): foram 3 mil mulas e burros conduzidos por 130 tropeiros sob o comando do patrono atual do tropeirismo Cristovão Pereira de Abreu. Levou cerca de um ano e meio para o trajeto ser concluído. “Era cansativo não só para os tropeiros, como para o gado. Por isso eles paravam para invernar (uns três meses) nos Campos Ge­­rais do Paraná. Era um lugar com boa pastagem e o barro era salitroso. O gado, então, não precisava receber sal na alimentação en­­quan­­to estava invernando no Pa­­raná”, afirma o pesquisador Carlos Solera.

Os primeiros muares conduzidos eram xucros, mas depois eles foram domesticados e passaram a servir de meio de transporte para os tropeiros e também para conduzir alimentos e outros produtos como a madeira.


NOVO RAMAL

Por volta de 1733, o caminho que começava em Laguna teve de ser abandonado, principalmente por­­que na região de Urupema havia índios perigosos e pouco sociáveis, o que colocava as tropas em constante perigo. Foi a partir daí que o Rio Grande do Sul entrou para a Rota dos Tropeiros: um novo ramal foi aberto com início na cidade de Viamão (RS) – os tropeiros abandonaram o caminho litorâneo de Laguna e passaram a seguir do Rio Grande do Sul pelo planalto catarinense. “Por este motivo Laguna sofreu um definhamento econômico no pe­­ríodo”, afirma o historiador Fábio Kuhn, professor da Uni­­versidade Fede­­ral do Rio Gran­­de do Sul.

As primeiras mulas que chegaram ao Brasil foram compradas dos países vizinhos que estavam sobre o domínio espanhol (atualmente Bolívia, Argentina e Uruguai): uma outra grande parte foi roubada ou contrabandeada. “Quando os brasileiros perceberam que era uma atividade lucrativa, construíram fazendas de criação de muares nas proximidades de Viamão. O gado muar chegava a custar dez vezes mais que o equino e o bovino na época”, explica Fábio Kuhn.

A disseminação do gado mu­­ar no Brasil ocorreu graças ao projeto iniciado pelo português Manoel Gonçalves de Aguiar. Ele era sargento e vivia em Santos (SP), onde dirigia um presídio, e respondia ainda pela costa litorânea de Santos até a região de Laguna (SC). Aguiar foi contemplado, pela Lei das Sesmarias, com um pedaço de terra onde hoje é São Luiz do Purunã (PR) – a partir desse mo­­mento ele dividia seu tempo entre as duas cidades. Durante uma inspeção no litoral catarinense, porém, descobriu que existiam muitas mulas soltas no pasto dos países vizinhos e teve a ideia de usar esses animais para o transporte de minérios de Minas Gerais ao Rio de Janeiro, já que muitos escravos estavam morrendo porque não suportavam o trabalho duro.

Nas terras sulamericanas de domínio espanhol havia mulas e burros em grande número e esses animais estavam soltos por causa da exploração de ouro na região, principalmente, do Potosi (atual Bolívia): lá a mineração havia sido desenvolvida pelo menos 100 anos an­­tes que no Brasil. Os espanhóis usaram os animais e, depois que a exploração definhou, eles acabaram abandonando os muares no pasto. O Brasil, precisando desse tipo de gado, passou a comprá-lo, roubá-lo e contrabandeá-lo (até porque o comércio entre Portugal e Espanha era proibido) e só parou quando o Rio Grande do Sul chegou a ser um criador de muares de referência. Depois da grande exploração de muares no Brasil, curiosamente o Império teve de aprovar uma lei que proibisse a criação de mulas, na década de 1760, para evitar uma superprodução de mulas no país e a queda repentina de preço.


Texto extraído de: https://www.portosmercados.com.br/os-tropeiros-encontraram-uma-atividade-lucrativa-no-lombo-de-muares/
Fonte Figura: https://www.portosmercados.com.br/os-tropeiros-encontraram-uma-atividade-lucrativa-no-lombo-de-muares/
 


“Boi que nasce para guia jamais será coice”



Não sei se é a magia do causo ou a habilidade do contador de fala macia, mas deu vontade de ouvir mais – tem história que a gente sabe que vai guardar no exato momento em que escuta. Fico aqui imaginando Manuel Alexandre orquestrando a construção do carro de bois: o cabeçalho, as chedas, o chumaço, os cocões – todas as peças até hoje ignoradas pelo meu restrito vocabulário urbano. São nove no total. Para cada uma, há um tipo de madeira. Madeira tem tempo certo. Não adianta querer fazer as rodas, de bálsamo, na época de seca. Tem que esperar os meses das águas.

Manuel Alexandre é mestre carreiro, faz carro de bois. Quem me falou dele foi um arquiteto paulista de Barretos. Luís Antônio Jorge é professor da Faculdade de Arquitetura da USP e acompanhou o trabalho do mestre Manuel, então com 80 anos, no Morro da Garça, em Minas Gerais. Está tudo documentado. A pesquisa integra o projeto Guimarães Rosa: lugares – em busca do quem das coisas, financiado pela Petrobrás. Parte do registro foi publicada aqui.

Acho bonito isso que Luís chama de o saber fazer, a sabedoria que se realiza em matéria, e que tem utilidade em seu meio, e que tem significado. Talvez porque nos babilônicos caminhos da metrópole seja tão difícil encontrar significados. Tudo é tanto e tão nababescamente inútil que acaba, assim, insignificante. Aí a gente ouve da universalidade do sertão e fica besta.


Texto extraído de: https://yrodar.wordpress.com/2013/05/25/boi-que-nasce-para-guia-jamais-sera-coice/
Fonte Figura: https://yrodar.wordpress.com/2013/05/25/boi-que-nasce-para-guia-jamais-sera-coice/




Ciclo do Carro de Boi no Brasil - Bernardino José de Souza

 

Neste livro, o autor acompanha 450 anos de evolução do carro de bois, destacando seu papel fundamental no povoamento, na agricultura, na construção de cidades e vilas, na instalação das primeiras indústrias, na prática do comércio exterior e nos principais episódios da História do Brasil. Estuda o emprego desse meio de transporte nas civilizações antigas, sua introdução no Brasil, suas especificações técnicas e construtivas, as características dos bois de carro, o trabalho dos carreiros, guias e auxiliares. Bernardino José de Souza é autor de outras obras na Coleção Brasiliana.

Carro de Boi: Um Gigante do Sertão



Nas Trilhas do Carro de Boi (Documentário)

sábado, 26 de junho de 2021

🎧 .DOC: Congados de Ouro Preto

EM...CANTO: Laruê de Santos Reis - Grupo Raízes, Saulo Laranjeira e Dércio Marques


🎧 .DOC: Congado de Santa Efigênia - Ouro Preto/MG

EM...CANTO: Novilho Brasileiro - Boi de Pindaré - Grupo A Quatro Vozes

EM...CANTO: Novilho Brasileiro (urrou) - Boi de Pindaré (MA)

EM...CANTO: Folia Do Divino Espírito Santo (DP) - Dércio Marques

EM...CANTO: Señora Chichera (DP) - Grupo Tarancón

 

Señora Chichera me recorda o Grupo Amalé em 1988 em sua caminhada do folclore brasileiro junto com a América do Sul...

EM...CANTO: Ribeirão Encheu (DP) - Tavinho Moura


Linda Folia de Reis da região de Porteirinha, norte de Minas Gerais, adaptada por Tavinho Moura.

EM...CANTO: Peixinhos do Mar (DP) - Tavinho Moura - Violeiros do Brasil, Belo Horizonte/2009

quarta-feira, 23 de junho de 2021

Contos Encantados da América Latina

 

A pluralidade cultural da América Latina é o pano de fundo para esta antologia de Celina Bodenmüller e Fabiana Prando. Partindo de uma longa jornada de pesquisa, que mesclou estudos de mesa, viagens e conversas, as autoras apresentam uma coletânea de 18 contos que, com certeza, despertarão o interesse e o imaginário dos jovens leitores. Oriundos da tradição oral dos mais diversos países da América Latina, os contos compartilham um lugar comum. Todos estão, de alguma maneira, conectados com as lendas e mitologias desta vasta terra - seja por meio de referências à cultura indígena nativa ou até mesmo através das influências das culturas colonizadoras. Em meio a essa multiplicidade cultural, as histórias conduzem o leitor a uma longa viagem, que passará por países como Peru, Brasil, Guatemala, México, Equador, entre outros. Mas, como o próprio título sugere, não se tratam de contos quaisquer, mas sim de contos encantados.


Folguedos da Mata - Um registro do folclore da Zona da Mata

 

O Livro Folguedos da Mata resulta do trabalho de pesquisa realizado na região da Zona da Mata de Minas Gerais, entre 2002 e 2005,sobre grupos tradicionais populares, seus mitos, ritos, músicas, danças, orações, autos e festas. Inicialmente, foi realizado um inventário de todos, ou quase todos, os grupos folclóricos tradicionais em 67 cidades que participam da área de concessão da Energisa, patrocinadora do projeto, financiado através da Lei de Incentivo à Cultura do Estado de Minas Gerais.

Após o inventário, foram realizadas várias ações de interação com as comunidades pesquisadas. Exposições de fotografia, apresentação de grupos, oficinas, palestras, debates, etc. Com o acúmulo de informações e a aproximação entre os pesquisadores, grupos tradicionais e escolas da região, foram desenvolvidos o livro “Folguedos da Mata- Um Registro do Folclore da Zona da Mata”, o “Caderno de Atividades” e o CD “Sons da Mata”.

Todo o material foi destinado à distribuição gratuita para as escolas públicas da região pesquisada, bem como para os grupos envolvidos diretamente no projeto, realizando assim, um amplo trabalho de registro, inventário, divulgação e valorização daquilo que se compreende como patrimônio cultural imaterial da região.