segunda-feira, 28 de junho de 2021

Tropas e tropeiros na primeira metade do século XIX no alto sertão baiano


Este trabalho analisa a História social da formação do tropeirismo no Alto Sertão baiano, na primeira metade do século XIX, procurando identificar o cotidiano e as relações que se estabeleceram entre os tropeiros no interior da colônia, mais especificamente, os que faziam o roteiro do litoral às cidades do Rio de Contas e Caetité, bem como aqueles que faziam os caminhos por estradas que os levavam das diversas partes do território brasileiro até esta região. Partindo de uma revisão bibliográfica especifica sobre o tema das tropas e dos tropeiros nas regiões do Sul e Sudeste da colônia Brasileira e de uma bibliografia temática em tomo da economia e sociedade da região do Alto Sertão, procuro entender como funcionavam as relações socioeconómicas das tropas nesta região, que teve o ouro como ponto de forte riqueza, além do que a pecuária, a policultura e a produção de algodão, que mantiveram a região em atividade, fazendo a ligação desta com litoral, com as vilas e cidades vizinhas e as províncias mais próximas. Procuro reconstruir o movimento histórico da região através de suas permanências e sutis transformações, marcadas pelo tempo, sobretudo ao que tange a análise de uma economia interna gestora de uma vida interiorana mais independente, de um povo que mesmo colonizado desenvolveu sua autonomia e originalidade. A pesquisa se sustenta na investigação de inventários e testamentos contidos nos Arquivos Públicos da Bahia e Rio de Contas, em depoimentos orais de ex-tropeiros que viajaram pela região do Alto Sertão, nos registros deixados pelos viajantes em seus livros de viagem principalmente Spix e Martius que em viagem pela Bahia passaram pelas vilas de Rio de Contas e Caetité nos ano entre 1817 e 1820, bem como, todo um agrupamento cultural de poesias e obras literárias construídas por artistas que tiveram nas tropas e nos tropeiros a inspiração, que se fez através da memória. Tropeiros de diversas regiões circulavam pelo Alto Sertão e tiveram suas vidas relacionadas com o 6 modo de vida das pessoas destes lugares como fazendeiros, comerciantes, mineradores, etc. Para isso ao invés do enfoque usual de considerar o tropeirismo como sistema de comércio ou transporte, entendemos ser necessário encará-lo em sua totalidade de sistema de produção, desde a criação de animais na fonte, até as fases posteriores do processo de divisão do trabalho, o que era um aspecto bastante interessante dentro do contexto da economia colonial. No tropeirismo as relações sociais de liberdade e escravidão vão se portar com algumas peculiaridades comparando-se com as regiões do recôncavo e do litoral, porque os tropeiros nas viagens dividiam as delícias e as dores do caminho, bebiam da mesma caneca trocavam experiências e contavam estórias com os camaradas, tocadores, arrieiros e cozinheiros sendo eles escravos ou homens livres. Segue-se o estudo do movimento histórico das tropas e dos tropeiros no Alto Sertão evidenciando as permanências culturais destes personagens históricos através do tempo, como grandes interlocutores do litoral com o interior e do interior com ele mesmo.

Para acessar a dissertação na íntegra: 


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