Este trabalho
analisa a História social da formação do tropeirismo no Alto Sertão baiano, na
primeira metade do século XIX, procurando identificar o cotidiano e as relações
que se estabeleceram entre os tropeiros no interior da colônia, mais
especificamente, os que faziam o roteiro do litoral às cidades do Rio de Contas
e Caetité, bem como aqueles que faziam os caminhos por estradas que os levavam
das diversas partes do território brasileiro até esta região. Partindo de uma
revisão bibliográfica especifica sobre o tema das tropas e dos tropeiros nas
regiões do Sul e Sudeste da colônia Brasileira e de uma bibliografia temática
em tomo da economia e sociedade da região do Alto Sertão, procuro entender como
funcionavam as relações socioeconómicas das tropas nesta região, que teve o
ouro como ponto de forte riqueza, além do que a pecuária, a policultura e a
produção de algodão, que mantiveram a região em atividade, fazendo a ligação
desta com litoral, com as vilas e cidades vizinhas e as províncias mais
próximas. Procuro reconstruir o movimento histórico da região através de suas
permanências e sutis transformações, marcadas pelo tempo, sobretudo ao que
tange a análise de uma economia interna gestora de uma vida interiorana mais
independente, de um povo que mesmo colonizado desenvolveu sua autonomia e
originalidade. A pesquisa se sustenta na investigação de inventários e
testamentos contidos nos Arquivos Públicos da Bahia e Rio de Contas, em
depoimentos orais de ex-tropeiros que viajaram pela região do Alto Sertão, nos
registros deixados pelos viajantes em seus livros de viagem principalmente Spix
e Martius que em viagem pela Bahia passaram pelas vilas de Rio de Contas e
Caetité nos ano entre 1817 e 1820, bem como, todo um agrupamento cultural de
poesias e obras literárias construídas por artistas que tiveram nas tropas e
nos tropeiros a inspiração, que se fez através da memória. Tropeiros de
diversas regiões circulavam pelo Alto Sertão e tiveram suas vidas relacionadas
com o 6 modo de vida das pessoas destes lugares como fazendeiros, comerciantes,
mineradores, etc. Para isso ao invés do enfoque usual de considerar o tropeirismo
como sistema de comércio ou transporte, entendemos ser necessário encará-lo em
sua totalidade de sistema de produção, desde a criação de animais na fonte, até
as fases posteriores do processo de divisão do trabalho, o que era um aspecto
bastante interessante dentro do contexto da economia colonial. No tropeirismo
as relações sociais de liberdade e escravidão vão se portar com algumas
peculiaridades comparando-se com as regiões do recôncavo e do litoral, porque
os tropeiros nas viagens dividiam as delícias e as dores do caminho, bebiam da
mesma caneca trocavam experiências e contavam estórias com os camaradas,
tocadores, arrieiros e cozinheiros sendo eles escravos ou homens livres.
Segue-se o estudo do movimento histórico das tropas e dos tropeiros no Alto
Sertão evidenciando as permanências culturais destes personagens históricos
através do tempo, como grandes interlocutores do litoral com o interior e do
interior com ele mesmo.
Para acessar a dissertação na íntegra:
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