Caipira, no
senso comum e preconceituoso, é o habitante de nosso interior atrasado, de
instrução precária e costumes ultrapassados. Para os especialistas, contudo,
caipira é a parcela de nossa população que resultou da miscigenação original
entre brancos, índios e, mais tarde, negros, principalmente em São Paulo, e
cuja cultura rústica, embora transformada e ressignificada, permanece como
parte integrante da cultura nacional. É impossível, sustentam esses
especialistas, compreender nossa formação histórica e nossa realidade atual sem
incorporar as contribuições culturais dessa população, costumeiramente
esquecida e marginalizada. A obra da professora Maria Alice Setúbal sobre os
modos caipiras de vida no estado de São Paulo é, por isso, valiosa para
desfazer preconceitos e ampliar o conhecimento de nossa história e da
complexidade estrutural de nossa sociedade. Mesmo num estado desenvolvido, como
São Paulo, mas caracterizado por sensíveis diferenças demográficas e culturais
entre a capital e o interior, e entre os municípios de cada uma de suas
regiões, “como pensar a formação de cidadãos”, indaga provocativamente a
autora, “sem levar em conta esses aspectos simbólicos que norteiam a vida de
grande parte da população?”
Para acessar o livro na íntegra:
https://www.imprensaoficial.com.br/downloads/pdf/projetossociais/vivencias_caipiras.pdf
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