Em
"Mouros, franceses e judeus", Luís da Câmara Cascudo estuda a
presença destes três povos na cultura popular brasileira. Presenças
persistentes através de crendices, histórias, gestos, hábitos alimentares,
cujas origens se perdem na escura noite dos tempos, alguns chegados aqui quando
o Brasil apenas despertava para a vida. Constantes culturais de dois, três mil
anos, velhas de quinhentos anos no país e que continuam, límpidas e frescas, na
vida cotidiana do povo brasileiro.
Presente no Brasil desde as primeiras expedições de reconhecimento da terra, o judeu deixou marcas de sua cultura em lendas, cerimônias religiosas, hábitos de comércio. Bem posterior, a influência francesa se tornou avassaladora a partir, sobretudo, dos séculos XVIII e XIX. Ainda hoje, os cantadores nordestinos invocam a figura de Roldão, como um herói imbatível, exemplo de coragem e honradez. "É o único motivo popular inspirado por livro impresso", ensina mestre Cascudo. O livro é a História do Imperador Carlos Magno e dos Doze Pares de França, presente em toda casa de nordestino letrado, de onde se divulgou para o povo fascinado. Roldão e sua espada durindana continuam exaltados, ainda hoje, na literatura de cordel, como se acabassem de sair de um combate. Como dizia Sainte Beuve, a antiguidade é coisa nova.
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